Violência no Rio

Contra tráfico, Haddad propõe substituir militares por PF no Rio

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

  • ntonio Scorza/ Agencia O Globo

    28.ago.2018 - Candidato a vice do PT faz corpo a corpo com eleitores em São Gonçalo (RJ)

    28.ago.2018 - Candidato a vice do PT faz corpo a corpo com eleitores em São Gonçalo (RJ)

Candidato a vice-presidente na chapa do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad propôs nesta terça-feira (28), em atividade de campanha no Rio de Janeiro, substituir os militares das Forças Armadas que colaboram com a intervenção federal por policiais federais no combate ao crime organizado.

"Quem tem que garantir a segurança pública é uma polícia civil, por isso que a Polícia Federal vai, em algum tempo do ano que vem, substituir a intervenção militar por um contingente civil que coordene as ações, inclusive das polícias locais em relação a organizações criminosas", disse ele se referindo a uma medida em um eventual governo do PT no ano que vem.

Em entrevista, Haddad chegou a chamar a intervenção de "militar". Segundo o governo federal, a intervenção na segurança pública do Rio iniciada em 16 de fevereiro deste ano é federal e não tem caráter militar --embora o interventor Walter Souza Braga Netto seja um general do Exército. A previsão é de que a intervenção termine em 31 de dezembro.

A participação das Forças Armadas em funções de polícia nas ruas já vinha acontecendo no Rio desde julho de 2017 devido a um decreto federal de Garantia da Lei e da Ordem.

Haddad é vice na candidatura à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso. Se o ex-presidente não puder concorrer por ter sido condenado criminalmente em segunda instância da Justiça, Haddad pode se tornar o titular da chapa.

O candidato a vice disse que, em um eventual governo do PT, o crime de participar de organização criminosa será federalizado. "O que significa federalização? Significa que nós vamos aumentar o contingente da Polícia Federal, que é uma polícia civil, e capacitar esse novo contingente para enfrentar desafios como o do Rio de Janeiro", disse. Haddad não detalhou de que forma o efetivo da PF seria ampliado --se por realocação ou convocação de concurso público.

O fortalecimento da PF e seu uso para combater o crime organizado e o tráfico de drogas, em todas as fases da investigação criminal, é uma das propostas do plano de governo do PT.

Segundo ele, com a PF combatendo o crime organizado, a polícia local ficaria liberada para investigar crimes não relacionados a facções criminosas, tais como homicídios, roubos e estupros.

Haddad fez campanha em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, na manhã de hoje. Ele disse ter escolhido propositalmente essa cidade, que tem maiores índices de violência e menores de desenvolvimento social em relação a bairros da zona sul carioca. Depois da agenda na rua, o candidato deu entrevista no centro do Rio ao lado de Márcia Tiburi, candidata do PT ao governo do Rio e seu vice Leonardo Giordano (PC do B), além de Lindbergh Farias, candidato do PT ao Senado.

O que outros candidatos já disseram sobre a intervenção?

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) votou a favor do decreto de intervenção federal no Rio, mas fez críticas à forma como ela foi realizada pelo governo Temer. Ele defende que os militares das Forças Armadas que atuam na segurança pública tenham respaldo jurídico para não responderem a longos processos judiciais, caso se envolvam em operações que resultem em mortes de suspeitos civis.

Ele também disse que o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira coordenará ações de defesa e segurança pública em seu eventual governo.

Geraldo Alckmin (PSDB) disse sobre o tema que o governo federal tem que ser parceiro do governo do Rio e defendeu um período de transição após a posse do novo governador fluminense. Ele disse que uma eventual prorrogação da intervenção tem que ser estudada.

Ele também já defendeu uma ampliação da militarização das forças de segurança do país e propôs a criação de um órgão federal semelhante a uma guarda nacional, que seria formada por agentes que deixam o serviço militar.

Ciro Gomes (PDT), que também fez campanha em São Gonçalo nesta terça, já classificou a intervenção federal como "demagogia" e lembrou das mortes de três militares do Exército na semana passada.

Marina Silva (Rede) disse, no início do ano, sobre a intervenção que os políticos que criaram e não resolveram o problema da segurança no Rio agora usam o fato para se promover politicamente. Ela disse temer que as Forças Armadas saiam desmoralizadas do processo e tenham seu "poder simbólico" enfraquecido.

Álvaro Dias (PR) disse que o modelo de intervenção usado no Rio não resolve o problema da segurança. Ele afirmou que as Forças Armadas não desejam ser utilizadas nesse tipo de tarefa e defendeu que, no caso de sua utilização, seja fornecida segurança jurídica para os militares em caso de eventuais processos.

Guilherme Boulos (PSOL) já classificou a intervenção federal no Rio como uma ação de "populismo" do presidente Michel Temer (MDB). Ele defendeu na área de segurança pública que a política de confronto das forças de segurança com o crime organizado seja substituída por ações integradas de inteligência.

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