Dirceu lança livro e diz que PT não pode abrir mão de Lula nas eleições

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

  • Felipe Amorim/UOL

    O ex-ministro José Dirceu lança livro de memórias em Brasília

    O ex-ministro José Dirceu lança livro de memórias em Brasília

Em entrevista realizada para lançamento do primeiro volume de suas memórias, o ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou que o PT não pode "abrir mão" da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o partido pretende insistir até o final para conseguir a autorização da candidatura do ex-presidente na Justiça Eleitoral.

"Lula não é candidato por vontade própria, ele é candidato porque ele tem apoio da maioria do eleitorado para se eleger", disse.

"O PT por unanimidade quer que Lula seja candidato, mesmo com a decisão [judicial] que consideramos ilegítima", afirmou Dirceu.

O ex-presidente Lula foi condenado em segunda instância em processo ligado à Operação Lava Jato e por isso estaria inelegível, de acordo com as regras da Lei da Ficha Limpa. A decisão sobre barrar a candidatura do petista cabe ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O caso deve ser julgado no início de setembro.

Apesar da dúvida jurídica sobre a viabilidade da candidatura, o PT pediu o registro de Lula como candidato. O candidato a vice-presidente na chapa é o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que deve assumir a candidatura a presidente se Lula for impedido pelo TSE.

"Acho que Lula tem o direito de ser candidato, nós vamos até o limite máximo na Justiça defender esse direito", disse.

Na entrevista, Dirceu também defendeu a revisão da Lei da Ficha Limpa, afirmando que apenas o eleitor deveria ter o poder de decidir em quem votar, e classificou o impedimento judicial de Lula disputar as eleições como uma "infâmia".

"A eleição apenas começou, temos ainda um deserto para atravessar. Eu acredito que Lula vence a eleição no primeiro turno, ele tem grandes chances, e no segundo turno todas as pesquisas indicam que venceria", disse.

"Por isso que o impedimento dele se torna uma ignomínia e uma infâmia. Num momento vamos ter que reavaliar essa questão da Ficha Limpa no Brasil. Cabe ao eleitor decidir se um cidadão deve ou não ser eleito, não pode caber à Justiça", afirmou Dirceu.

O prazo para que todas as candidaturas sejam julgadas pelo TSE termina em 17 de setembro. O primeiro turno das eleições será realizado no dia 7 de outubro.

Segundo Dirceu, 20 a 30 dias de campanha seria tempo suficiente para o PT conseguir "transferir" os votos de Lula para Haddad caso o ex-presidente tenha a candidatura negada pela Justiça. 

"Qual seria o melhor 'timing', infelizmente não podemos escolher, é a Justiça que decide", disse.

"O que não podemos é abrir mão da candidatura de Lula", afirmou Dirceu.

O livro "Zé Dirceu, Memórias" foi escrito pelo ex-ministro durante o tempo em que esteve preso, condenado em processo da Lava Jato.

Dirceu voltou a reafirmar sua inocência nesta quarta-feira. "Eu fui condenado pelo que eu não fiz", disse.

Com 554 páginas, o livro traz o relato de Dirceu de sua trajetória política, do tempo de militância estudantil e resistência à ditadura militar de 1964 até os governos do PT.

O ex-ministro pretende lançar um segundo volume de memórias.

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