Forças Armadas terão que defender a democracia, afirma Haddad

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

Membros das Forças Armadas que fizerem menção ou gesto de apoio à volta da ditadura militar serão responsabilizados por meio de ato disciplinar ou perderão o cargo, afirmou o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT), caso seja eleito presidente.

O candidato afirmou, em sabatina realizada por UOL, Folha e SBT na manhã desta segunda-feira (17), que todo funcionário que estiver sob "comando da Presidência na hierarquia" será cobrado para defender a democracia no Brasil. "O comandante-chefe das Forças Armadas é o presidente da República. Pode ser militar, pode ser civil, mas é quem o povo escolheu", disse.

Quem estiver abaixo da autoridade da Presidência não vai poder sabotar a democracia, nem com gestos, nem com declarações, nem com nada. Se for um cargo de confiança, está na rua no dia seguinte

Segundo Haddad, se um membro da ativa das Forças Armadas se posicionar contrariamente à democracia, vai responder a um ato disciplinar, correndo o risco de ser exonerado. "Não se brinca com a democracia. Nós estamos num momento delicado. Divergência democrática é bem-vinda, oposição, situação, todo brasileiro tem que defender", complementou.

Haddad aproveitou para fazer críticas ao que chamou de falta de autoridade do presidente Michel Temer (MDB), sem citá-lo nominalmente. "Por que hoje acontece essa dispersão? Porque não há autoridade. Quando o presidente não tem nenhuma autoridade, fala pelos cotovelos. Quando tem uma autoridade constituída, legitimada pelo voto, a coisa muda de figura. A voz do presidente organiza a tropa", afirmou.

Intervenção militar no Rio

Haddad afirmou entender o apelo da população por mais segurança no Rio de Janeiro, mas disse que sua não envolveria homens das Forças Armadas no combate à violência nas ruas da cidade. "A formação do Exército é para outra finalidade, que é entrar numa guerra ou proteger o território nacional", disse.

A intervenção federal no Rio está prevista para terminar em 31 de dezembro deste ano, podendo ser estendida.

Sabatinas e debates

Advogado e professor, Haddad foi prefeito da cidade de São Paulo (2013 - 2016) e, entre 2005 e 2012, ocupou o cargo de ministro da Educação nos governos de Lula e de Dilma Rousseff (PT). De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta (14), Haddad subiu de 9% para 13% das intenções de voto, empatado tecnicamente em segundo lugar com Ciro Gomes (PDT, 13%). Jair Bolsonaro (PSL) lidera com 26%.

A sabatina com o candidato do PT seria realizada no dia 5 de setembro, mas não aconteceu porque, na época, o candidato era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva e ele está preso em Curitiba. Lula teve a candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no dia 31 de agosto, e o PT anunciou Haddad como o substituto na corrida presidencial no dia 11.

Convidados, dois candidatos não participaram das entrevistas. Jair Bolsonaro (PSL) está internado e não participou da entrevista, que estava agendada para sexta-feira (14). A sabatina com o candidato Cabo Daciolo (Patriota), agendada para quarta-feira (12), foi cancelada por ele, que está em período de "jejum e orações".

Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL) e Henrique Meirelles (MDB) já participaram das entrevistas. Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso (com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral.

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro. Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.

Veja íntegra da sabatina UOL, Folha e SBT com Fernando Haddad (PT)

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