Após vestir camisa da campanha Bolsonaro, França condena discurso "extremo"

Janaina Garcia

Do UOL, em Sorocaba (SP)

  • Reprodução/Instagram/Eliane Nikoluk

    A camiseta usada por França (foto)é igual à que Bolsonaro vestia quando levou uma facada

    A camiseta usada por França (foto)é igual à que Bolsonaro vestia quando levou uma facada

O candidato à reeleição para o governo do Estado, Márcio França (PSB), minimizou nesta sexta-feira (26), em Sorocaba (SP), o uso de uma camiseta similar à usada por partidários do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e por ele próprio.

Com a mensagem "Meu país é o Brasil" e nas cores verde e amarelo, a camiseta é igual à que Bolsonaro usava, por exemplo, no ato de campanha de Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro, em que foi esfaqueado por Adélio Bispo.

A imagem de França vestindo a camiseta, sobrepondo uma camisa social, foi publicada nesta madrugada pela vice do candidato, a coronel da Polícia Militar Eliane Nikoluk (PR). A vice declarou apoio a Bolsonaro, mas França tem se manifestado pela neutralidade na sucessão nacional. Em toda a campanha, ele disse que "jamais tomaria uma posição pública" e vem tentando "driblar" pressões de prefeitos aliados, que pedem para ele colar sua imagem ao capitão reformado, para buscar atrair também o voto de eleitores identificados com a esquerda.

Indagado nesta sexta sobre o assunto, após participar de uma reunião com aliados na igreja quadrangular de Sorocaba, França disse desconhecer que a camiseta era idêntica à usada por adeptos da candidatura do PSL.

"Essa camiseta me foi dada por um rapaz em Araraquara. Não sei se o Jair Bolsonaro usa essa camiseta, mas acho que o partido da gente deve ser o estado da gente, o país da gente", desconversou.

Informado que o próprio bordão da camiseta é o mesmo do empregado por partidários do capitão reformado do Exército, França resumiu: "É? Eu não sabia", respondeu.

"São Paulo tem que conduzir, e não ser conduzido pela eleição brasileira — essa é a defesa básica da minha neutralidade. Somos muito grandes para ser arrastados por essa questão nacional", completou.

"Quem tiver bom senso, fica no centro"

Por outro lado, o candidato à reeleição discursou, sem citar nomes, contra o que classificou como uma onda de "extremos" na atual campanha brasileira e sobre os efeitos da polarização política na vida do país pós-eleição.

"O futuro presidente da República terá que governar para todos, a gente não pode levar essa coisa ao extremo e ficar inimigo da pessoa por conta de uma divergência eleitoral, que é passageira", comentou.

Questionado, porém, se sua não tomada de posição agora não contribuiria para o cenário polarizado, França discordou. "Minha tarefa como governador de São Paulo é tentar unificar as pessoas. Eu cada vez mais percebo que elas querem brigar umas com as outras, e a gente está em uma fase em que, quem tiver bom senso e experiência, fica no centro e convive com os dois lados, isso não é impossível", afirmou.

Em "reunião" dentro de igreja, candidato é abençoado

Na igreja evangélica visitada em Sorocaba, pastores ligados ao partido de França enfatizaram mais uma vez que o encontro, que durou cerca de 20 minutos, era uma reunião previamente marcada.

"Por coincidência", reforçaram, ocorreu no mesmo dia do aniversário do pastor e deputado Jefferson Campos (PSB), vice-presidente nacional da instituição Brasil, e na mesma data em que França daria uma entrevista à TV Tem, afiliada regional da TV Globo.

O governador está em empate técnico no segmento evangélico em relação a seu adversário, João Doria (PSDB), mas numericamente atrás. Segunda última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (25), Doria tem 51% dos votos válidos (excluindo brancos, nulos e indecisos), contra 49% do pessebista.

A liderança do tucano é ainda maior (61% x 39%) entre os evangélicos pentecostais, entre os quais se encontram os da igreja do Evangelho Quadrangular.
Autodeclarado católico, França --que recebeu duas bênçãos dos pastores, no altar, e dos fiéis -- negou caráter eleitoral na visita.

"O Jefferson é deputado do meu partido, está conosco há muitos anos, e o [pastor e deputado estadual] Carlos Sérgio é meu líder na Alesp, tem muita relação com várias igrejas, pessoalmente, pela forma de vida que eles levam — de ajuda às pessoas. São eleitores, mas não estamos neste momento tratando assuntos da eleição", refutou.

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