Derrotado, França parabeniza Doria e diz se sentir vitorioso após campanha

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

Instantes após ser confirmada a derrota para João Doria (PSDB) no segundo turno na eleição para o governo de São Paulo, o candidato Márcio França (PSB) afirmou se sentir vitorioso com a campanha que fez e prestou homenagens ao ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente aéreo em agosto de 2014, em discurso feito na noite deste domingo no Palácio dos Bandeirantes.

França perdeu a disputa para o ex-prefeito São Paulo, João Doria, para quem telefonou na noite deste domingo (28) cumprimentando pela vitória. "Liguei ao João e desejei toda a sorte. Farei todo esforço para ele [Doria] fazer um grande governo, e também para Bolsonaro: todo esforço. Não podemos ter gesto de rancor; é torcer para dar certo", afirmou.

O atual governador começou a campanha disputando o terceiro lugar nas pesquisas Ibope e Datafolha e não passava de 5% até o fim de agosto. Aos poucos, ele foi crescendo na campanha, ganhou uma disputa voto a voto com Paulo Skaf (MDB) pela segunda vaga no segundo turno, e chegou ao dia da eleição em empate técnico com o vitorioso.

"A gente tem que aprender ganhar e perder, senão a gente não disputa. Democracia é a coisa mais linda, mas nem sempre a gente ganha - mas sai de cabeça erguida", disse. "Hoje, me sinto vitorioso", afirmou.

Vice de Alckmin até abril deste ano, quando o tucano se desincompatibilizou do cargo para disputar a Presidência, França lembrou que, se não tivesse integrado a chapa dele, hoje não teria disputado a eleição para o governo.

"Quero agradecer de maneira especial o ex-governador Alckmin, pelo convite para eu ser vice-governador. Sem ser vice, eu não poderia ter disputado as eleições agora. É um homem honrado, decente, que ainda vai ter muitos passos na política", avaliou.

Sobre Campos, que presidira o PSB, França lembrou ter convivido muito com ele. "Ele infelizmente não teve a chance de disputar [a eleição presidencial de 2014], mas com certeza torceu muito hoje por mim e eu queria homenageá-lo", declarou França, que foi o coordenador da campanha do pessebista em 2014.

Agradecimento a aliados

Também os aliados de segundo turno foram agradecidos por França no discurso. Entre eles, citou o terceiro colocado no primeiro turno, Paulo Skaf (MDB), e o senador eleito Major Olímpio, coordenador da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) em São Paulo.

"Major Olimpio fez um gesto diferente. Algumas coisas que ele pensava não eram iguais às que eu pensava, mas ele foi muito correto", enfatizou.

Tido no meio político como alguém de perfil mais conciliador destacou-se, por exemplo, pela atuação pelo fim da greve dos caminhoneiros, em maio deste ano", França lembrou que hoje é dia de São Judas, padroeiro do servidor público, categoria para quem direcionou boa parte do discurso de campanha. Aos servidores, pediu: "Todo mundo presta serviço ao povo, e não ao governador. Que venham momentos melhores, mais afinados", definiu.

Discurso de conciliação

A exemplo do que afirmou ao longo de todo o segundo turno, também no discurso em que reconheceu a derrota neste domingo (28), o pessebista destacou a necessidade de posições não extremadas no campo político. Ao contrário do tucano, que colou a imagem e o discurso em Bolsonaro já no domingo do primeiro turno, França optou pela neutralidade.

"Não merecemos um país dividido", pediu. Para ele, a partir de agora, começa um novo processo. "Eleição é assim: acaba uma, começa outra. Tenho 17 eleições apoiando ou participando, mas, de todas, saio com mais vontade de fazer política. A partir de agora é uma nova fase, temos que respeitar os resultados", comentou.

O tom conciliador adotado após a divulgação dos resultados contrasta com a mágoa registrada nas últimas declarações de França sobre o adversário. Em mais de uma ocasião, acusou Doria de ter destinado cerca de 90% do tempo de campanha para mentiras. A principal, afirmara, era um suposto atrelamento de França à esquerda.

Pneumonia

O governador afirmou que vai descansar, nos próximos dias, por recomendações médicas, para se tratar de uma pneumonia diagnosticada nesta reta final de campanha. "Que a gente tenha bastante felicidade", definiu.

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