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Paraná cria duas supersecretarias para irmão e mulher do governador Beto Richa

Beto Richa, governador do Paraná, e a mulher, Fernanda Richa, durante campanha ao governo do Paraná em 2010, quando criticou nepotismo do governo anterior - Rodolfo Buhrer/AE
Beto Richa, governador do Paraná, e a mulher, Fernanda Richa, durante campanha ao governo do Paraná em 2010, quando criticou nepotismo do governo anterior Imagem: Rodolfo Buhrer/AE

Carlos Kaspchak

Especial para o UOL Notícias<br>Em Curitiba

22/06/2011 14h59

A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou, nesta terça-feira (21), projeto de reforma administrativa do governador Beto Richa (PSDB) que criou as secretarias de Infraestrutura e Logística e de Família e Desenvolvimento Social.

As novas pastas terão no comando, respectivamente, o irmão, José “Pepe” Richa Filho, e a mulher do governador, Fernanda Richa. Ambos controlarão de seus gabinetes as transferências federais do PAC e do programa Bolsa Família.

A reforma aprovada pelos deputados também criou 295 novos cargos comissionados que custarão, em salários, R$ 8,6 milhões por ano aos contribuintes paranaenses.

Cada novo cargo terá um custo médio de R$ 2.429. A reforma contraria o discurso de campanha do então candidato Beto Richa em 2010, que criticou o nepotismo no governo do ex-governador Roberto Requião (PMDB) e o abuso dos cargos em comissão.

A Secretaria de Infraestrutura e Logística assume as funções de duas secretarias extintas, a de Transportes e a de Obras. A pasta da Família e Desenvolvimento Social passa a acumular funções que eram de três secretarias, as da Criança e Juventude, do Trabalho e da Justiça.

Com a reforma, a Secretaria da Família terá 127 cargos em comissão. A pasta ainda terá mais 32 cargos em comissão vindos da Secretaria do Trabalho, em função da transferência do setor de promoção social para a secretaria de Fernanda Richa.

Com os cargos que já estavam à disposição da renomeada Secretaria da Criança, a primeira-dama controlará 212 servidores em comissão. A aprovação dos projetos também cria outros 118 cargos comissionados para a Procuradoria Geral do Estado; 28 para a Secretaria da Justiça e 22 para a Secretaria do Trabalho.

Oposição

O projeto foi aprovado pela maioria dos deputados estaduais, com apenas seis votos contrários. A maioria da bancada do PMDB, partido do ex-governador Requião que em tese seria de oposição, também votou pela aprovação dos projetos.

A bancada de oposição criticou as mudanças, alegando concentração excessiva de poderes em duas pastas. Para os ddeputados oposicionistas, as supersecretarias vão concentrar 80% da capacidade de investimento do Estado. Segundo o líder da oposição, deputado Enio Verri (PT), a reforma é um retrocesso. “Não estamos discutindo o modelo de gestão, o que foi aprovado é um retrocesso político”, disse.

Para o deputado Tadeu Veneri (PT), a nova estrutura concentra excessivos poderes em membros da família Richa. “Uma única secretaria vai receber todos os recursos do PAC, e a outra, todos os recursos dos programas sociais. E os dois secretários são o irmão e a mulher do governador”, disse Veneri.

A nova Secretaria de Infraestrutura terá 1,52% da receita de investimentos do Estado, o equivalente a R$ 358 milhões em 2011. A Secretaria da Família terá R$ 204 milhões em investimentos, 0,87% da receita de investimentos.

Governistas

“O deputado Verri foi secretário do Planejamento e é economista, mas sua matemática está equivocada. É uma informação distorcida”, disse o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB).

Quanto ao nepotismo, Traiano comparou a participação familiar no governo Richa com a que ocorreu na gestão do ex-governador Roberto Requião (PMDB). “Nunca critiquei a ex-primeira dama ou o secretário Maurício Requião. Diferente do Eduardo Requião (ex-administrador do Porto de Paranaguá), que envergonhava o Estado”, disse.