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Pedido de quebra de sigilo gera bate-boca na CPI, e Perillo diz que não vê justificativa

Do UOL, em São Paulo*

12/06/2012 16h09Atualizada em 12/06/2012 17h27

O clima na CPI do Cachoeira, que desde a manhã desta terça-feira (12) ouve o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), esquentou quando o relator da comissão, Odair Cunha (PT-MG) perguntou se Perillo estaria disposto a abrir o seu sigilo bancário e telefônico. Houve bate-boca com parlamentares aliados do governador, que defenderam que o pedido de quebra de sigilo só pode ser feito por meio de requerimento. O presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), interveio de maneira enérgica para restabelecer a ordem na comissão.

Relator diz que Perillo é investigado e aumenta bate-boca durante CPI

Perillo afirmou que não vê justificativa para a quebra. "Não vejo, sinceramente, motivos suficientes, justificativas plausíveis, fundamentação para que haja quebra de sigilo bancário e telefonico, mas essa decisão não me cabe, mas à comissão e ao Tribunal de Justica."

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O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi um dos parlamentares que se exaltaram e discutiram com Cunha. “Isso é um requerimento disfarçado de pergunta”, disse Sampaio. "O relator se perde, ele [o governador] está como testemunha. Está como relator ou vice-presidente do PT?" Cunha é vice-líder do PT na Câmara.

Cunha, por sua vez, alegou que estava inquirindo o governador e precisava esclarecer diversos pontos e a relação de Perillo com pessoas investigadas pela Polícia Federal, como Jayme Rincon, tesoureiro de Perillo, a ex-assessora dele Eliane Pinheiro, o ex-presidente do Detran-GO, Edivaldo Cardoso, e o ex-procurador-geral do Estado de Goiás Ronald Bicca.

"É com base nisso que estou fazendo a pergunta. Não é pouca coisa. O governador diz que não sabe, que não se lembra, que foi traído", disse Cunha.

Ao responder à pergunta, Perillo disse que esperava que isso não fosse a antecipação do que o deputado Cunha deseja constar do seu relatório. "[Espero que o senhor] nao esteja reagindo a interesses de terceiros", afirmou.

Em entrevista à GloboNews após o bate-boca, Carlos Sampaio justificou a sua intervenção dizendo que o relator fugiu do escopo da investigação. "O relator fazia perguntas que tinham a ver com o escopo e outras de natureza particular, mas, como homem público, [o governador] tem que prestar satisfação, então, não intervim. Mas, num dado momento, [o relator] saiu da sala, não sei se para receber alguma orientação de alguém, do presidente Lula, e voltou com a pergunta sobre o sigilo bancário. (...) Não tinha o menor cabimento tratar o governador como investigado. Foi aí que me contrapus e me indignei."

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), também em entrevista à GloboNews, afirmou que sabe que a oposição não gosta do Lula, mas que foi a PF, e não o Lula, que disse que o governo de Goiás estaria infiltrado por uma organização criminosa. "Essa organização criminosa reprimiu o jogo organizado não do Cachoeira, mas dos concorrentes. O relator tem que investigar essas e outras questões."

Segundo Sampaio, o requerimento da quebra de sigilo será avaliado na próxima quinta-feira (14).

Sem influência

No seu depoimento, o governador já havia negado que o contraventor Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) tivessem qualquer tipo de influência no seu governo para indicar nomes para cargos públicos, mas admitiu ter encontrado o parlamentar e o bicheiro em jantares e disse que Demóstenes "sugeriu alguns nomes" para seu mandato.