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Em pedido de cassação de Demóstenes, relator chama Cachoeira de anjo da guarda do senador

Do UOL, em São Paulo

25/06/2012 22h40Atualizada em 25/06/2012 23h30

No relatório do Conselho de Ética do Senado em que pedia a cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o relator Humbero Costa (PT-PE) afirmou que o contraventor Carlinhos Cachoeira “é um verdadeiro anjo da guarda” de Demóstenes. O conselho aprovou, por unanimidade, na noite desta segunda-feira (25) a cassação de Demóstenes.

Agora, o processo vai à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, onde passará por uma análise de constitucionalidade, e depois segue para a votação em plenário, onde o voto dos senadores pela cassação ou não é secreto.

No seu parecer, em que afirma que a relação entre Demóstenes e Cachoeira fere o decoro parlamentar, Costa ressaltou que “a figura de Cachoeira está sempre presente quando se trata de proporcionar comodidade, conforto e bem-estar ao senador”.

O relator cita o pagamento no valor de R$ 18 mil que Cachoeira fez para a compra de uma mesa, chama o contraventor de “amigo do peito” ao comprar uma aparelhagem de som de US$ 27 mil e de “padrinho oculto” ao dar uma geladeira e um fogão, de US$ 25 mil a Demóstenes, além de “benfeitor secreto” que paga a queima de fogos na formatura da mulher de Demóstenes.

Costa ressalta que a resposta de Demóstenes de que iria pagar por esses custos “não melhora a sua situação”, pois seus rendimentos não seriam condizentes com o “elevado padrão de gastos”.

O relator petista disse em seu relatório que “é evidente a atuação do senador Demóstenes Torres como um ‘despachante de luxo’ do ‘contraventor’”. Ele afirma que Demóstenes agiu “de forma continuada” para beneficiar os interesses de Cachoeira na Receita Federal.

Costa menciona uma conversa, interceptada nas gravações telefônicas, que o deixou chocado em que Demóstenes chega a procurar outro senador para obter uma vantagem não esclarecida para Cachoeira.

Na leitura do seu relatório, Costa afirmou que, durante as investigações da Operação Monte Carlo, chegou a ser simulada uma blitz para a apreensão de máquinas caça-níqueis em Goiás com o objetivo de identificar quem da Polícia Federal passava informações a Cachoeira. Assim, com antecedência, o contraventor poderia desativar pontos de funcionamento de suas máquinas eletrônicas.

Costa afirma que alguém da Polícia Federal, que não sabia que era uma simulação, passou a informação ao Demóstenes, que a repassou para Cachoeira. Segundo Costa, “o fato principal é que a isca foi mordida: a blitz, como programado, foi desativada.”

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