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"Foi um grande tiro no pé, um equívoco de ponta a ponta", afirma Haddad sobre a inspeção veicular

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e sua mulher, Ana Estela - Fernando Donasci/UOL
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e sua mulher, Ana Estela Imagem: Fernando Donasci/UOL

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 10h45Atualizada em 21/02/2013 13h04

"A inspeção veicular foi um grande tiro no pé da cidade de São Paulo. Foi um equívoco de ponta a ponta, a começar pela empresa [a Controlar], que é uma empresa ficha-suja, que já foi condenada em segunda instância", disse o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ao ser questionado sobre o sistema de inspeção veicular ambiental, durante entrevista concedida na manhã nesta quinta-feira (21), à rádio "CBN".

Haddad disse que é contra a concessão desse tipo de serviço, chamou a empresa Controlar, implantada na gestão de Gilberto Kassab (PSD), de "caça-níquel" e disse ainda que vai tentar derrubar o contrato. "Estamos tentando encontrar um caminho pacífico para superar isso. São pessoas sem o menor interesse público, pessoas que tentam obstinadamente manter esse contrato, esse caça-níquel."

Segundo ele, a Prefeitura está abrindo três processos administrativos para derrubar o contrato. Para Haddad, a empresa se segura apenas nesse contrato, que está maculado pela condenação.

"Já que vamos investir R$ 150 milhões nisso, que seja pelo bem da cidade e não para uma empresa", declarou, acrescentando que não há intenção do governo estadual em implantar o sistema em outros municípios.

Em comunicado publicado na "Folha de S. Paulo" desta quinta, a Controlar disse que cumpre "rigorosamente todas as obrigações contratuais estabelecidas pela Prefeitura de São Paulo e que a Ordem de Serviço para a implantação da Inspeção Veicular dada no Governo da Prefeita Marta Suplicy confirmou a validade do contrato e formalizou aditivos que expressamente tratam do prazo contratual."

A reportagem do UOL entrou em contato com a Controlar mas, não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

O prefeito afirmou ainda que a periodicidade da inspeção será determinada pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), que, segundo ele, não sofre pressões políticas e pode dar um parecer técnico sobre a questão.

Projeto enviado pelo prefeito à Câmara veta o reembolso da taxa da inspeção veicular para quem não pagou taxas municipais e estaduais, como IPVA, licenciamento e IPTU, e para quem tiver o carro reprovado no teste. A taxa é de R$ 47,44. O reembolso deverá custar R$ 150 milhões por ano à prefeitura.

O projeto também autoriza Haddad a exigir inspeção de veículos de outras cidades que circulem ao menos 120 dias por ano na capital, para carros e ônibus intermunicipais ou fretados.

No texto, Haddad recuou em pontos polêmicos, como tornar a inspeção obrigatória apenas a cada dois anos e limitá-la para veículos com cinco anos ou mais de fabricação. 

Queda de árvores

Sobre a queda de árvores provocadas pelas fortes chuvas que tem atingido a capital, Haddad comentou que tem tomado providências para, prioritariamente, proteger o cidadão. "No dia 2 de janeiro, a Defesa Civil foi chamada ao meu gabinete para salvaguardar a vida do paulistano", afirmou.

Outro problema provocado pela queda de árvores é o rompimento de fios de alta tensão que, consequentemente, provocam apagões em regiões da cidade. Para isso, Haddad briga na Justiça para que a Eletropaulo assuma a responsabilidade por enterrar os fios.

Aurélio Miguel

O petista também comentou a investigação do caso do vereador Aurélio Miguel (PR), acusado de aumentar seu patrimônio com corrupção.

"Eu apoio qualquer investigação onde haja indício. Se a Câmara [Municipal] diz que há indício, o Ministério Público deve se abrir para a investigação. A investigação não é necessariamente para condenar, e sim para esclarecer. Se há uma defesa consistente sobre seus atos, não há o que temer. Isso vale para o meu governo também."

Aumento no ônibus

O prefeito foi questionado também sobre o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, que está congelada desde janeiro de 2011 em R$ 3.

Em 2012, ano eleitoral, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) não quis reajustá-la. "O aumento cai geralmente em janeiro, mas esse deve vir provavelmente em junho, e o valor ainda vai ser estudado. Meu compromisso é que nunca superemos o valor da inflação", disse.

O adiamento do reajuste foi também pedido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, à Prefeitura e também ao governo do Estado de São Paulo (para metrô e do trem), além da cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de segurar a pressão inflacionária do início do ano.

Já sobre o Bilhete Único Mensal, o petista disse que "só depois da concessão do serviço". "A previsão é que o cadastramento prévio das pessoas comece a ser feito a partir de abril", estimou.