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Cerveró diz ser "injusto" considerar compra de Pasadena mau negócio

O ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró fala na Comissão de Fiscalização Fiscal e Controle da Câmara dos Deputados - Alan Marques/ Folhapress
O ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró fala na Comissão de Fiscalização Fiscal e Controle da Câmara dos Deputados Imagem: Alan Marques/ Folhapress

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

16/04/2014 14h17Atualizada em 25/04/2014 18h56

Contrariando o que disse a presidente da Petrobras, Graça Foster, o ex-diretor internacional da estatal Nestor Cerveró afirmou nesta quarta-feira (16) que a compra da refinaria em Pasadena, nos EUA, pela Petrobras não foi um negócio ruim.

A presidente da Petrobras afirmou nesta terça-feira (15) no Senado que não há operação de compra 100% segura no mercado de petróleo e reconheceu que a transação "definitivamente não foi um bom negócio".

Durante audiência na Câmara dos Deputados, Cerveró saiu em defesa da compra e disse que é errado se referir à aquisição como a “malfadada operação de Pasadena”. A audiência começou por volta das 10h20 e terminou às 16h30. 

"Não é justa, não é justa essa classificação [de que o negócio foi malfadado]. Foi o melhor projeto do mundo? Não foi (...), mas aí a dizer que foi uma operação malfadada?", questionou Cerveró, exaltado. "Não é justo classificar essa operação como malfadada e que causou prejuízo à Petrobras", reiterou Cerveró, acrescentando que, no momento em que foi fechada a compra, o cenário indicava que seria um bom negócio.

A aquisição da unidade pela Petrobras tem sido alvo de investigações em diferentes órgãos, como o Ministério Público e a Polícia Federal por suspeita de ter representado um prejuízo milionário.

"Quando diz que [o negócio] causou prejuízo, é um prejuízo contábil, porque não obteve o rendimento esperado. Não é raro acontecer [isso], mas o projeto em si não foi malfadado", reiterou o ex-diretor.

Cerveró defendeu a posição do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli à época da operação de compra e concordou que, em 2006, a aquisição representou um "bom projeto".

O ex-diretor da Petrobras afirmou que o processo de compra da refinaria foi realizado após análises meticulosas e negou que tenha sido aprovado às pressas. "Não houve um açodamento na avaliação disso. Começamos a negociar em fevereiro de 2005, houve dois períodos de consultorias. Esse projeto foi extensamente, intensamente avaliado. Ou seja, um banco como o Citigroup [que fez a consultoria] não coloca o seu nome se não estiver seguro da clareza [do projeto]", disse.

Cerveró disse ainda que os documentos referentes ao contrato de aquisição foram aprovados pela diretoria e depois enviados ao Conselho de Administração da Petrobras, mas que não tem como saber se todos os integrantes do conselho leram a papelada inteira.

O engenheiro também disse que não se sentiu rebaixado ao ser substituído na diretoria Internacional da Petrobras e nomeado diretor financeiro da BR Distribuidora. "Não houve punição", afirmou Cerveró.

O ex-diretor da Petrobras negou que tenha havido pressão política para a estatal adquirir a outra metade da unidade de Pasadena.

"Não houve nenhuma pressão política para decidir a compra de Pasadena. (...) O que houve foi uma solução de separação amigável antes de ir para os tribunais", explicou Cerveró.

Ao responder às questões dos parlamentares, Cerveró repetiu que não irá comentar se chegou à estatal por meio de uma indicação política. "Não vou entrar nessa questão de indicação política. Isso é extremamente ofensivo, reduz a minha qualificação técnica a uma qualificação política". Acrescentou ainda que nunca foi acusado de improbidade.