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Câmara suspende mandato de Leréia por 90 dias por elo com Cachoeira

Leréia teve o mandato suspenso por 90 dias - Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
Leréia teve o mandato suspenso por 90 dias Imagem: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Bruna Borges e Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

23/04/2014 19h27Atualizada em 23/04/2014 20h04

A Câmara dos Deputados decidiu na noite desta quarta-feira (23) suspender por 90 dias o mandato do deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) por causa do seu envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de corrupção.

Ele é o primeiro parlamentar a receber sanção alternativa após uma mudança no regimento da Casa. Antes, só estava prevista a absolvição ou a cassação do mandato.

Em uma votação aberta, o plenário aprovou o parecer apresentado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar por um placar de 353 votos favoráveis à punição e 26 contrários. Eram necessários 257 votos. Os únicos a votarem contra foram alguns parlamentares petistas, que defendiam a cassação.

Jamais menti ou omiti minha amizade com Cachoeira, diz Leréia

Esse relatório com a sugestão de pena intermediária foi apresentado após um primeiro parecer, que sugeria a perda do mandato, ter sido derrubado pelo voto da maioria do colegiado.

Se fosse rejeitado, os deputados passariam a discutir a representação original, e o deputado tucano correria o risco de ter o mandato cassado.

A suspensão do mandato passa a valer a partir de amanhã, quando a decisão será publicada no Diário da Câmara. No período, o deputado ficará sem receber o salário de R$ 26,7 mil mensais, cota parlamentar ou verba de gabinete. Todos os funcionários do gabinete também perdem o cargo, mas poderão ser recontratados quando ele reassumir o mandato.

Logo após a decisão do plenário, Leréia apresentou um pedido de licença por 40 dias, sem remuneração, a contar após o período de suspensão. Como esse prazo é superior a 120 dias, será convocado um  suplente no seu lugar, conforme manda o regimento. A vaga será, então, ocupada por Valdivino José de Oliveira, também do PSDB-GO.

Em um discurso inflamado na tribuna do plenário, Leréia saiu em sua defesa dizendo que “não nega a amizade de ninguém”, mas que não fez nada ilegal. “O Carlinhos é e era meu amigo pessoal. Eu não nego amizade de ninguém”, afirmou, exaltado.

Leréia ressaltou que foi favorável à CPI que investigou Cachoeira. “Não menti sobre essa amizade que tenho antes de ser deputado, fui um dos primeiros que manifestei aqui nessa tribuna a favor da CPI [para investigar Carlinhos Cachoeira]. Eu jamais menti e omiti essa relação.”

O deputado lembrou que o empresário é dono de laboratório de medicamentos, atividade que depende de autorizações de diversos órgãos, o que mostraria que “ele é um empresário sério”.