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Congresso mantém os 38 vetos da presidente Dilma Rousseff

Do UOL, em Brasília

26/11/2014 12h29Atualizada em 26/11/2014 14h27

O Congresso Nacional manteve inalterados os 38 vetos da presidente Dilma Rousseff apreciados em votação na noite de terça-feira (25). O resultado só foi divulgado nesta quarta-feira (26) pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Havia a expectativa de derrubada de pelo menos um deles, o que estipula regras para a criação de novos municípios, vetado por Dilma em agosto.

“[Foi uma] situação difícil, o quórum apertado e o Congresso Nacional teve de apreciar de uma vez 38 vetos que estavam acumulados. De quem é a culpa? De todos nós porque nós tentamos nos reunir 13 vezes no Congresso Nacional para limpar a pauta e apreciar esses vetos e não foi possível em função da necessidade de compatibilizar as funções do Congresso com as eleições e a Copa do Mundo”, afirmou Renan sobre a votação de ontem.

A manutenção dos vetos foi decidida por deputados e senadores numa votação em bloco, numa medida adotada por Renan para acelerar o processo e destrancar a pauta de votação.

O projeto sobre municípios foi o segundo sobre esse tema vetado totalmente pela presidente. De autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), o projeto estabelece que a população mínima do distrito que pretende se emancipar será diferenciada por regiões: mínimo de 6 mil habitantes para o Norte e o Centro-Oeste; de 12 mil para o Nordeste; e de 20 mil para o Sul e o Sudeste.

Ao vetar a matéria, o argumento do governo foi de que a proposta não afasta o problema da responsabilidade fiscal na Federação, o que causaria aumento de despesas com mais estruturas municipais sem a correspondente geração de novas receitas, mantidos os atuais critérios de repartição do FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

Entretanto, como grande parte de parlamentares já mostrava disposição de derrubar esse veto, o governo voltou atrás e liberou a bancada da situação por não envolver aumento de despesas da União.

Minirreforma eleitoral

Também foi mantido veto parcial à minirreforma eleitoral, que muda regras para as eleições, para a propaganda eleitoral na TV e na internet e simplifica a prestação de contas dos partidos.

O PMDB anunciou que orientou sua bancada para votar contra o veto. Entre os itens barrados pela presidente quando da sanção da minirreforma está a restrição à propaganda em bens particulares, seja por meio de placas, faixas, cartazes, bandeiras ou pinturas.

O argumento do governo é que a restrição “limita excessivamente os direitos dos cidadãos de se manifestarem a favor de suas convicções político-partidárias”.

De acordo com o texto vetado, seria permitido apenas o uso de adesivos, limitados ao tamanho de 50x40 cm.

Armas de fogo

Quanto ao projeto de lei 6565/13, do Executivo, que concede aos agentes e guardas prisionais porte de arma de fogo mesmo fora de serviço, foi mantido o veto da presidente a esse direito aos guardas portuários.

Ao sancionar o projeto, transformado na lei 12.993/14, o governo argumentou que não há dados concretos que comprovem a necessidade da autorização para essa categoria e isso poderia resultar em aumento desnecessário do risco em decorrência do aumento de armas em circulação, contrariando a política nacional de combate à violência e o Estatuto do Desarmamento.

Regulamentação de ONGs

Destaca-se ainda o veto parcial ao projeto de lei 7168/14, do Senado, que disciplina a parceria entre a administração pública e as entidades privadas sem fins lucrativos (ONGs). O texto foi transformado na lei 13.019/14 e sua entrada em vigor foi adiada pela Medida Provisória 658/14 a pedido das entidades.

Um dos itens vetados previa a dispensa de chamamento público quando o objeto do termo de fomento ou da colaboração estivesse sendo realizado adequadamente pela mesma organização, ininterruptamente, há pelo menos cinco anos. Segundo o Executivo, isso permitiria a perpetuação de parcerias, “contrariando o espírito geral do texto”.

Outro ponto vetado estendia as novas regras às empresas públicas e sociedades de economia mista.

Regulamentação das farmácias

Os parlamentares mantiveram ainda o veto parcial sobre as atividades das farmácias e sua fiscalização, constantes da Lei 13.021/14, oriunda do projeto de lei 4385/94.

Um dos itens vetados exigia que os postos de medicamentos, os dispensários de medicamentos e as unidades volantes, licenciados na forma da Lei 5.991/73, se transformassem em farmácia no prazo de três anos da publicação da lei.

De acordo com o governo, isso colocaria em risco a assistência farmacêutica à população de diversas regiões do país, principalmente nas localidades mais isoladas.

Desconto em passagem

Em relação ao projeto de lei 4571/08, do Senado, que disciplina a concessão de meia-entrada a estudantes em espetáculos esportivos e culturais, os parlamentares votaram vetos como o da exigência de que o desconto na passagem de ônibus local para os estudantes fosse concedido mediante o uso da carteirinha prevista para acesso à meia-entrada nos espetáculos esportivos e culturais.

O Executivo argumenta que a regulação desse detalhe interfere na competência dos municípios, de regulamentar o transporte público local. A matéria foi transformada na Lei da Meia-Entrada (12.933/13).

Superavit

Na entrevista, Renan afirmou ainda que a proposta de flexibilização do superavit deverá ser votada hoje. “Convocamos uma sessão para hoje. Nela vamos apreciar a flexibilização do superavit e outros itens, inclusive créditos adicionais. A expectativa é a melhor possível, porque essa circunstância não deixa outra alternativa para o Congresso Nacional, senão aprovar a flexibilização.”

Questionado se será novamente uma sessão longa de embates entre governistas e oposição, Renan disse que não. “Acho que não [vai ser uma sessão árdua]. Uma coisa que deprecia a democracia brasileira, coitada, é querer comparar com o sistema político da Bolívia. Estamos vivendo no Brasil o maior período democrático, o mais longevo, a maior duração de uma Constituição. Experimentamos avanços institucionais. Pior era no passado, quando assumimos a presidência do Senado e deixamos para trás 3.000 vetos presidenciais. Temos que comemorar esses avanços.”

“Nós vamos flexibilizar porque é uma solução que está posta. E dessa forma vai preponderar o interesse nacional. O Congresso, que nunca faltou com o Brasil, não vai dar as costas para o Brasil nesse momento difícil”, completou Renan.

(Com informações Da Agência Câmara)