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Em renúncia, Roseana diz deixar novo Maranhão e fala em "terror prisional"

Roseana disse que foi vítima de um "terror penitenciário de origem política" - Reprodução/Facebook/Governo Maranhão
Roseana disse que foi vítima de um "terror penitenciário de origem política" Imagem: Reprodução/Facebook/Governo Maranhão

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

10/12/2014 10h34

Com a presença do pai José Sarney (PMDB-AP) na plateia, a governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) entregou, às 8h58 (horário local) desta quarta-feira (10), a carta de renúncia ao governo do Estado. A cerimônia ocorreu no Palácio dos Leões, sede do Executivo, em São Luís.

Antes de entregar o cargo, porém, Roseana fez um discurso de autoelogio e acusou os adversários da crise existente no sistema prisional.

"Não posso deixar de registrar a campanha insidiosa e inverídica que o Maranhão sofreu nos últimos meses. Fomos vítimas de um terror penitenciário de origem política que manchou a imagem do Estado. As drogas, o crime organizado e o banditismo transformaram a segurança no primeiro problema social do país. Mas a verdade é que devemos ter orgulho da nossa terra, da nossa gente, de tudo que construímos juntos. Somos um povo ordeiro, um Estado pacífico, de gente educada, que tem em alta conta os valores da cultura", disse.

Em 2013, o Complexo Prisional de Pedrinhas, em São Luís, registrou 60 mortes. Este ano já foram 19 mortes, que levaram o país a ser condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Roseana foi governadora do Maranhão por quatro gestões. Com a saída dela, o governo será assumido pelo deputado estadual Arnaldo Melo (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa, que fica no cargo até o dia 1º de janeiro de 2015. Isso ocorre porque o vice-governador, Washington Oliveira, renunciou ao cargo, no final do ano passado, para assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.

Sem motivos políticos

A governadora também afirmou que a renúncia não ocorre por motivos políticos, como foi especulado. “Estou encaminhando a minha carta de renúncia, que faço por motivos estritamente pessoais, sem ordem política ou qualquer outro interesse. Mas não digo adeus. Aqui é minha terra, o povo do Maranhão é minha família. Assim como o dia se despede da noite, eu me despeço de ti”, afirmou, citando ainda que “saio com a certeza do dever cumprida, com esperança renovada porque construímos um Maranhão mais forte e de muitas oportunidades.”

Mais cedo, a Secretaria de Comunicação do Maranhão divulgou nota informando que a renúncia de Roseana ocorreu por "recomendações médicas".

A agora ex-governadora também fez um balanço de sua última gestão, que durou seis anos, no discurso final. “O Maranhão é um novo Estado. Onde se anda é uma obra, é trabalho e progresso. Basta ver nossa capital. É uma cidade moderna, dinâmica, que cresce a cada dia. Não posso deixar de dizer sobre nossa vocação de progresso”, disse.

Para Roseana, o Maranhão é um exemplo de desenvolvimento para o país, visto as taxas de crescimento do Estado acima da média nacional.

“Alinhamos uma política agressiva de desenvolvimento econômico e combate à pobreza. O resultado está aí: nos últimos cinco anos o Maranhão foi um dos que mais desenvolveram, e os indicadores sociais só tem melhorado. Em pouco tempo, o Maranhão voltou a trilhar novo caminho de crescimento, sustentando na confiança e credibilidade do governo”, pontuou.

A governadora também citou que entre 2009 e 2012 a participação do Estado no PIB (Produto Interno Bruto) nacional subiu de 1,23% para 1,34%.

“Crescemos a um taxa média de 10% ao ano. Todas as nossas cidades estão ligadas com asfalto. As condições para que o Maranhão cresça mais estão postas.  Os investimentos privados, somados aos investimentos do governo em infraestrutura, saúde, educação, ciência, segurança e combate à pobreza transformaram a vida dos maranhenses”, alegou.

Sem falar com a imprensa na saída, Roseana afirmou que sua gestão ficou marcada por não perseguir ninguém durante o seu governo. “Durante toda minha vida pública nunca persegui ninguém. Sempre mantive um clima de cordialidade com meus adversários, que nunca tratei como inimigos. Aprendi que a liberdade cresce na divergência”.