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Youssef nega que Palocci tenha pedido verba para campanha de Dilma

Bruna Borges

Do UOL, em Curitiba

11/05/2015 11h41Atualizada em 11/05/2015 17h19

O doleiro Alberto Youssef afirmou nesta segunda-feira (11) que não foi procurado pelo ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para viabilizar R$ 2 milhões em doações à campanha presidencial de Dilma Roussef (PT) em 2010, como havia relatado o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, em delação premiada.

“Não conheço Antonio Palocci e ele nunca me fez nenhum pedido para que angariasse recurso. Eu creio que ele esteja equivocado sobre esse assunto. Eu não creio que seja uma mentira, pode ser que outra pessoa tenha feito esse pedido e isso tenha sido feito, mas não foi feito comigo. Eu não conheço o Palocci ou os assessores dele”, afirmou Youssef.

Youssef é um dos principais operadores de pagamento de propina envolvendo ex-diretores da Petrobras. Ele realizou delação premiada e mencionou o nome de diversos políticos por participação no esquema. Ele depôs por cerca de três horas e meia na manhã de hoje à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) destinada a investigar as irregularidades da estatal durante realizando audiência pública na Justiça Federal do Paraná, em Curitiba.

O doleiro também declarou que integrantes do Palácio do Planalto sabiam do esquema que ele operava para o PP dentro da Petrobras. Youssef disse que os interlocutores do Planalto eram os ex-ministros Ideli Salvatti, que era da Secretaria de Relações Institucionais à época, e Gilberto Carvalho, que era titular da Secretaria-Geral da Presidência.

"Em 2012 ou 2011, houve um racha no Partido Progressista que foi motivo de discussão entre líderes governistas. [...] Isso foi discutido tanto pelo líder Nelson Meurer como pelo Arthur de Lira e Ciro Nogueira, como foi discutido com Gilberto Carvalho e Ideli. Paulo Roberto Costa deixou claro que esse assunto teria que chegar através do Palácio a quem ele iria se reportar", disse Youssef.

Youssef também disse que participava de reuniões semanais com líderes do PP, João Pizzolatti, Nelson Neurer e Mário Negromonte, para tratar de assuntos envolvendo o esquema de corrupção da Petrobras. O doleiro disse que esses encontros ocorriam em São Paulo e em Brasília na maior parte das vezes. E que em algumas ocasiões, Youssef levava recursos em espécie proveniente do esquema para entregar aos políticos.

Questionado sobre a suposta existência de uma conta conjunta com a mulher do deputado federal José Janene (PR), morto em 2010, Stael Fernanda, Youssef negou que tenha uma conta bancária. Ele também negou inclusive que tenha tido uma conta com Janene e que tenha recebido uma procuração para operar recursos do casal no exterior.

"Não procede, não tenho conhecimento dessa conta. Nunca tive conta com Janene nem com sua esposa, nem procuração", declarou o doleiro.

O sub-relator da CPI, deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), afirmou durante o depoimento de Youssef ter a informação de que o casal tinha uma conta em Luxemburgo com 185 milhões de euros e que, após a morte de Janene, Youssef teria ajudado Stael a movimentar a conta.