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Corrêa nega que tenha recebido dinheiro de Youssef e fala em ser 'tripreso'

Ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) durante depoimento à CPI da Petrobras em Curitiba - Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo
Ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) durante depoimento à CPI da Petrobras em Curitiba Imagem: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo

Bruna Borges

Do UOL, em Curitiba

12/05/2015 16h46Atualizada em 12/05/2015 18h53

O ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) apontou uma suposta contradição na delação do doleiro Alberto Youssef ao depor na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras em audiência desta terça-feira (12) em Curitiba.

Questionado pelo deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) sobre a suspeita de ter recebido cerca de R$ 5 milhões para recursos de campanha de uma candidatura a deputado, Corrêa diz que não é possível ter recebido este dinheiro porque não se candidatou em 2010. O deputado afirmou que o dado consta da delação de Youssef.

“Eu fui cassado em 2006, isso significa que fico proibido de me eleger por oito anos. Como que posso receber R$5 milhões para minha eleição se não me candidatei?”, declarou Corrêa.

Corrêa é suspeito de receber propinas do esquema envolvendo a Petrobras. Ele já estava preso após condenação no julgamento do mensalão. Após novas suspeitas o ligando ao esquema descoberta pela Lava Jato, ele foi encaminhado para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Ele inicialmente declarou que não responderia as perguntas dos deputados na audiência.

"A única coisa que pode me acontecer nessa CPI, além de ser ‘bipreso’ [pelo mensalão e pela operação Lava Jato], é ser ‘tripreso’”, disse o ex-deputado.

Posteriormente, passou a responder as perguntas dos deputados. Durante o depoimento, Corrêa disse que conheceu Youssef pelo deputado José Janene, morto em 2010. Mas diz que a delação de Youssef que o liga ao escândalo não é verdadeira.

“Se essa delação fosse confirmada eu teria de ter um patrimônio entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões. Meu patrimônio não foi aumentado. Se existe, eu gostaria de saber onde está esse dinheiro”, afirmou.

O ex-deputado afirmou que nunca recebeu dinheiro ilegal de Youssef. Corrêa também declarou que a indicação de Paulo Roberto Costa teve a chancela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que ele soube disso por Janene.

Corrêa também comentou a suspeita de que recursos do esquema investigado pela Lava Jato abastecer partidos. “Eu acho que precisam ser punidos quem doa, não os partidos que receberam na forma da lei.”

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) perguntou a Corrêa sobre se ele teria influência política e conseguisse financiar a campanha eleitoral de sua filha Aline Corrêa, mas o ex-deputado disse que perdeu toda influência desde que foi cassado, em 2006.

Ivan deu exemplo de políticos como Fernando Henrique Cardoso e Lula que continuam influentes. “Ninguém tem coragem de botar o Lula na cadeia. Se tentarem, vai acontecer como quando o Getúlio se suicidou: o povo saiu pra rua”, respondeu Corrêa. “A prisão dele seria uma catástrofe. Pelo que conheço do Nordeste na casas tem a foto do Padim Ciço [Padre Cícero], do Lula e de Miguel Arraes”, disse Corrêa apontando Lula como o "maior líder popular do país".

O momento mais tenso do depoimento foi o momento em que o deputado Ônyx Lorenzoni (DEM-RS) contestou Corrêa afirmando que "nem todos os partidos são iguais". O ex-deputado respondeu Ônyx dizendo: "eu já fui de seu partido". Uma breve discussão se seguiu e, posteriormente, os ânimos se acalmaram e o depoimento continuou.