Topo

Após pressão na Câmara, Renan tenta acordo para votar vetos

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

30/09/2015 15h09Atualizada em 30/09/2015 17h23

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quarta-feira (30) que tentará costurar um acordo entre as lideranças da Casa para por em votação uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que regulamenta as doações de empresas para campanhas eleitorais. A votação da PEC foi uma exigência de partidos de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) para que o Congresso Nacional votasse os seis vetos presidenciais que ainda precisam ser analisados pelos parlamentares. Renan está reunido com líderes do Senado para debater o assunto.

Na semana passada, foram apreciados 26 dos 32 vetos presidenciais enviados por Dilma.

Entre os vetos pendentes, estão os que impedem o reajuste de 78% a servidores do Judiciário, o que estende as regras de aumento do salario mínimo para aposentados da Previdência Social e o impede doações de empresas privadas a campanhas eleitorais. O plano era que os vetos fossem apreciados nesta quarta-feira, mas o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), convocou sessões consecutivas no plenário da Casa, impedindo a realização da sessão do Congresso.

A manobra é vista como um protesto ao veto da presidente Dilma às doações de campanha. Eduardo Cunha é favorável às doações privadas para campanhas eleitorais. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que a exigência pela votação da PEC é uma forma de acabar com o impasse sobre o tema. No último dia 17, o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou as doações de empresas a candidatos e a partidos como inconstitucionais

Segundo Sampaio, a votação da PEC seria uma forma de contornar a polêmica em torno do tema. “Se existe uma dúvida sobre a constitucionalidade de uma lei sobre financiamento privado, vamos discutir por meio de uma PEC. Pelo sim ou pelo não”, afirmou.

Para que a PEC seja votada, no entanto, Renan precisa convencer os líderes de oposição e da base aliada do governo a chegarem a um acordo. O problema é que a proposta precisa ser votada no Senado em dois turnos, mas entre uma sessão e outra é preciso que haja cinco sessões de intervalo. A obrigatoriedade desse intervalo, no entanto, pode ser eliminada se houver consenso entre as lideranças.

“Para avançarmos na apreciação da PEC é preciso que haja acordo de procedimento de modo a dispensarmos interstícios, do que depender de mim, eu colaborarei, mas para avançarmos na aprovação da PEC é preciso que haja acordo”, disse Renan.

Renan disse que vai esperar o final da reunião com os líderes do Senado para se manifestar sobre a apreciação dos vetos presidenciais. Sem mencionar o presidente Eduardo Cunha, que ele disse que a política não pode cuidar apenas dos próprios “caprichos”.

“Vamos esperar. Não temos nenhuma dúvida de que temos que colocar o interesse nacional acima de qualquer questão. A política pode tudo, mas não pode sinalizar que está cuidando apenas dos seus caprichos”, afirmou.