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"Vão ter que me aturar um pouquinho mais", diz Cunha após denúncia

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

13/10/2015 17h51Atualizada em 13/10/2015 19h27

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mandou nesta terça-feira (13) um recado aos parlamentares que querem lhe ver fora do cargo. “Acho que vão ter que me aturar um pouquinho mais”, disse Cunha. A declaração foi dada no mesmo dia em que ele foi denunciado ao Conselho de Ética. Cunha é suspeito de ter mentido durante um depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras ao dizer que não tinha contas fora do país.

Há duas semanas, foram revelados documentos colhidos pelo Ministério Público da Suíça que indicam que Cunha mantinha pelo menos quatro contas no país europeu. Há suspeitas de que elas eram alimentadas com dinheiro de propina oriundas do esquema investigado pela operação Lava Jato. 

Cunha disse que a denúncia feita pelo PSOL, e que contou com a assinatura de pelo menos 46 parlamentares de vários partidos, faz parte do jogo político. “Eu vejo que é da política. É um jogo político que estão fazendo. Que venha [a representação]”, disse Cunha.

Nos últimos dias, Cunha viu o apoio que recebia da oposição diminuir. No último sábado, líderes de partidos como PSDB e DEM emitiram uma nota pedindo o afastamento de Cunha para que ele pudesse se defender das suspeitas de que ele teria contas secretas na Suíça. Cunha, que em agosto foi denunciado pela PGR (Procuradoria Geral da República) por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, emitiu duas notas reiterando seu depoimento junto à CPI da Petrobras e negando que mantenha contas fora do país.

Nesta terça-feira, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que o Palácio do Planalto “não pode e nem deve” se intrometer no assunto. Mesmo assim, 32 dos 46 deputados que assinaram a denúncia feita pelo PSOL são do PT.  “É da política. São os meus adversários políticos. Isso é normal. Eu estou aqui firme”, disse Cunha.