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Alvo de protesto no RS, Temer diz que "acertou os ponteiros" com Dilma

Michel Temer foi recebido em Porto Alegre com manifestações de grupos contrários ao impeachment - Flávio Ilha/UOL
Michel Temer foi recebido em Porto Alegre com manifestações de grupos contrários ao impeachment Imagem: Flávio Ilha/UOL

Flávio Ilha

Especial para o UOL em Porto Alegre

10/12/2015 15h55Atualizada em 10/12/2015 17h51

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) afirmou nesta quinta-feira (10) em Porto Alegre que sugeriu à presidente Dilma Rousseff (PT) um governo de "união nacional" para fazer com que o Brasil supere a crise política e volte a crescer. Segundo o vice, ele e a presidente "acertaram os ponteiros". 

O peemedebista foi recebido em Porto Alegre com manifestações de grupos contrários ao impeachment, que se concentraram em frente ao hotel onde se realizava a cerimônia. Temer teve de ingressar no salão pela área de serviço, para evitar os manifestantes.

O protesto, organizado pelo coletivo comunista A Marighela, teve gritos de “golpista” e réplicas da carta que Temer enviou à presidente Dilma Rousseff. Pouco mais de 50 pessoas se posicionaram em frente ao hotel com faixas e bandeiras. Quatro carros da Brigada Militar faziam a segurança do local, mas não houve confusão.

Temer, que esteve em Porto Alegre para receber uma homenagem na condição de presidente em exercício, disse que o país enfrenta um clima de “dissensão muito grande” e uma “guerra quase fratricida” entre setores da sociedade brasileira. O vice pediu uma política de “pacificação nacional”.

“Se quisermos realmente fazer o país prosperar, neste momento de dificuldade, temos que chamar todos os setores sociais, todos os partidos políticos. Temos que fazer quase um governo de união nacional”, disse em seu discurso.

Segundo o vice, ele e Dilma têm conversado frequentemente sobre o assunto e a última reunião com Dilma, ocorrida na noite de quarta-feira, serviu para que os dois “acertassem os ponteiros”.

Temer também falou sobre a carta que enviou a Dilma e disse que se pretendesse abordar temas de natureza política, e não pessoal, “faria outra escrita”.

Escrevi (a carta) com o propósito de todo bom brasileiro. A presidente compreendeu as observações que fiz. É coisa superada

Michel Temer, vice-presidente

O ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha, que acompanhou Temer e também foi homenageado, disse que o episódio da carta à presidente serviu para que todo o Brasil conhecesse o vice-presidente. “É uma pessoa comum, como qualquer outra, que quando é traída, sente, quando é magoada, sente, quando é preterida, sente”, insinuou. “Pessoalmente, é o libanês mais inglês que eu conheço”, declarou Padilha.

O evento do qual Temer participou, chamado “Brasil em Ideias”, teve 70 convidados, entre empresários e políticos – todos de partidos favoráveis à tese do impeachment. Toda a bancada federal do PMDB do Rio Grande do Sul estava presente no almoço, incluindo os deputados Osmar Terra e Darcísio Perondi, que fazem parte da comissão especial que pode analisar o pedido de impeachment de Dilma -- a comissão, no entanto, depende do STF (Supremo Tribunal Federal) para começar os trabalhos.

Temer foi ciceroneado no evento pelo presidente da Assembleia Legislativa gaúcha, Édson Brum (PMDB). O governador José Ivo Sartori (PMDB), que na semana passada divulgou uma nota afirmando que não iria manifestar posição sobre o pedido de afastamento da presidente, não compareceu ao evento, que estava na agenda oficial. Sartori não assinou a carta de apoio a Dilma, referendada por 16 governadores.

Na chegada, o presidente em exercício cumprimentou longamente a ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), que foi ministra do Planejamento do presidente Itamar Franco após a cassação de Fernando Collor.