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Dilma diz ser julgada por corrupto e que querem sentar em sua cadeira sem votos

"Sou julgada por melhorar a vida do povo"

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

26/04/2016 13h28Atualizada em 26/04/2016 16h41

Alvo de um processo de impeachment no Congresso, a presidente Dilma Rousseff voltou a atacar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente Michel Temer em discurso nesta terça-feira (26).

A petista, que já classificou os dois como 'chefes conspiradores' , fez duras críticas à oposição e afirmou que o processo do impeachment é uma tentativa de eleições indiretas para a Presidência da República.

"Estou sendo vítima de grande injustiça. Não tem uma acusação que diz que eu peguei dinheiro para mim. Muitas das ações das quais me acusam, eu nem sequer participei (...). E o mais estranho é que quem me julga é corrupto”, disse Dilma em referência a Cunha.

A presidente participou da entrega de unidades do programa "Minha Casa, Minha Vida" em Salvador.

"Esta pessoa, que é o presidente da Câmara, é uma pessoa que todo mundo sabe no Brasil que tem conta no exterior. É acusado pela Procuradoria-Geral da República”, completou. A plateia presente respondeu com gritos de “fora, Cunha”.

Em seu discurso, a presidente ainda fez outras referências a Cunha. "Nunca recebi dinheiro de propina. Eu não tenho contas no exterior. Eu não sou acusada de corrupção”, afirmou.

Envolvido na Operação Lava Jato, Cunha é réu por corrupção e lavagem de dinheiro no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi acusado formalmente de receber propina de US$ 5 milhões no esquema de corrupção na Petrobras. Cunha nega todas as acusações.

"Querem sentar na minha cadeira sem voto"

Dilma também associou Temer ao processo de impeachment. Segundo ela, a manobra seria uma tentativa da oposição de se associar ao PMDB para conquistar a Presidência após a derrota na eleição de 2014.

"Querem sentar na minha cadeira sem voto. Isso é muito confortável. Não tem que prestar conta ao povo e dizer o que será feito dos programas sociais", declarou.

"Conquistamos a democracia com mortes, tortura, uma luta incansável. Ter direito à democracia implica, sobretudo, que vivamos em um estado democrático de direito. A lei que vale para mim vale para todo mundo. Ninguém está acima da lei. Todo o poder vem do voto popular direto. Esse impeachment sem crime, que é golpe, na verdade é uma tentativa de fazer uma eleição indireta por aqueles que não têm voto”, discursou.

Dilma afirmou ainda que é atacada pela oposição por conta dos projetos sociais oferecidos por seu partido, o PT.

"Uma parte pelo qual eu estou sendo julgada é pelo fato de nós termos optado por construir condições de vida melhores para o nosso povo”, afirmou, celebrada no evento por gritos como “não vai ter golpe, vai ter luta”, “fica, querida” e “olê, olê, olá, Dilma, Dilma”.

A presidente ainda criticou os planos da oposição de "revisitar os programas sociais", afirmando que planejam aumentar as parcelas das moradias do "Minha Casa, Minha Vida". “É possível sair dessas dificuldades sem comprometer os programas sociais. Com todas as dificuldades, nós construímos dois milhões de moradias”, acrescentou.

Na cerimônia desta terça-feira, Dilma entregou 5293 unidades habitacionais do programa do governo federal -- além das 2800 famílias beneficiadas em Salvador (BA), foram entregues 986 unidades em São Carlos (SP), 385 unidades em Pirassununga (SP), 362 em Santa Maria (RS) e 232 em Caucaia (CE).