Após reunião com centrais, Temer cria grupo de trabalho para discutir Previdência
O presidente interino Michel Temer (PMDB) determinou a criação de um grupo de trabalho, que será coordenado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, para discutir a reforma da Previdência.
A informação foi anunciada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), após reunião de Temer com representantes de centrais sindicais na tarde desta segunda-feira (16) para discutir a reforma.
Segundo o deputado, o presidente interino espera que o grupo apresente em 30 dias uma proposta para solucionar a questão da Previdência. Ele terá a participação de representantes indicados pelas centrais sindicais e a primeira reunião está marcada para a quarta-feira (18).
"Primeiro, (Temer) disse que o objetivo não é tirar direito de ninguém. Deixou isso muito claro. Segundo, que o governo tem urgência de resolver essa questão da Previdência", disse Paulo Pereira da Silva.
Estiveram na reunião, além do deputado, Ricardo Patah, presidente nacional da UGT (União Geral dos Trabalhadores); José Calixto Ramos, presidente nacional da Nova Central Sindical dos Trabalhadores e Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).
Também participaram os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Ronaldo Nogueira (Trabalho).
Dirigentes não querem reforma
Paulo Pereira da Silva e Antonio Neto defenderam que sejam encontradas outras formas de cobrir o deficit da Previdência, sem que seja necessária uma reforma, como a criação de outras formas de arrecadação.
"Nós achamos que não precisa (de reforma), posso até dizer com toda a tranquilidade. Quando foi feita o 85/95 progressivo (novo cálculo de aposentadoria, aprovado no ano passado) já foi feita a maldade", afirmou Neto. "Em 2026, ninguém mais no Brasil se aposentará, homem com 65 anos e mulher com 60 anos, menos que isso não se aposentará", afirmou Neto.
Paulo Pereira da Silva afirmou que a Força Sindical não aceita mudanças para quem já está no sistema da Previdência. "Nós não podemos aceitar que tire direito de quem está no mercado de trabalho. Se quiser discutir uma outra Previdência para quem vai começar a trabalhar, nós topamos discutir", afirmou.
Declarações de ministro desagradaram
Na semana passada, declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre uma possível reforma da Previdência, com a criação de uma idade mínima para a aposentadoria, geraram reação do deputado Paulo Pereira da Silva, um dos principais defensores do impeachment de Dilma Rousseff.
"A estapafúrdia ideia defendida pelo atual ministro é inaceitável porque prejudica quem ingressa mais cedo no mercado de trabalho, ou seja, a maioria dos trabalhadores brasileiros", afirmou o deputado em nota divulgada pela Força Sindical após as declarações.
Nesta segunda-feira, o deputado disse que a questão não foi tratada na reunião desta segunda-feira. "Não foi tocada porque não entrou em detalhes. Nós entramos então no geral, nas questões mais importantes da Previdência, e isso não foi tocado em detalhes, essa questão", afirmou.
CUT e CTB não participaram
Antes da reunião, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) já tinha anunciado que não participaria da reunião. "A CUT não reconhece golpistas como governantes. Por isso, não irá à reunião que Michel Temer chamou para esta segunda-feira com as centrais sindicais", afirmou Vagner Freitas, presidente nacional da entidade, por meio de nota.
Em seu site, a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), também afirmou que não participaria da reunião. "A CTB reitera que não se reúne com governo golpista", afirma.
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