Justiça concede prisão domiciliar a "prefeito exemplo" citado em votação do impeachment
A Justiça Federal concedeu o direito a prisão domiciliar a Ruy Muniz (PSB), prefeito afastado de Montes Claros (417 km de Belo Horizonte), que havia sido preso no mês passado em um hotel de Brasília. A decisão foi proferida nesta quinta-feira (19).
Ruy ficou conhecido por ter sido preso no dia seguinte em que foi apontado pela mulher, a deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG), como modelo de gestor público.
A deputada homenageou o marido durante voto que havia dado a favor da admissibilidade do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados.
Ele é acusado pela Polícia Federal de beneficiar hospital gerido por sua família em detrimento de hospitais públicos da cidade mineira.
Para ter direito ao benefício da prisão domiciliar, Ruy terá que pagar uma fiança estipulada em R$ 500 mil e entregar o passaporte. Além disso, ele não poderá manter contato com integrantes da administração pública municipal e terá usar tornozeleira eletrônica.
O advogado Eugênio Pacelli, que atua na defesa de Ruy, informou que o alvará concedendo a prisão domiciliar foi expedido nesta sexta-feira (20) e que deverá ser cumprido ainda hoje.
Atualmente, ele está internado em hospital da cidade após ter passado mal no presídio de Montes Claros, para onde foi levado após sua detenção em Brasília. A direção da unidade hospitalar não comenta o estado de saúde do prefeito afastado.
Entenda o caso
Ruy e a secretária de Saúde de Montes Claros foram presos no âmbito da operação “Máscaras da Sanidade 2 – Sabotadores da Saúde”.
A investigação da Polícia Federal apontou que o então prefeito Ruy "direta e indiretamente, valendo-se de meios fraudulentos, tentou destruir e inviabilizar a existência e o funcionamento dos hospitais credenciados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade, beneficiando hospital controlado pelo prefeito". A secretária de saúde foi liberada dias depois.
Ainda segundo a investigação, Ruy e a titular da pasta fizeram a retirada de 26 mil consultas especializadas e 11 mil exames dos hospitais públicos "deixando de prestar os correspondentes serviços pela rede municipal, causando graves problemas à população".
A PF aponta também uma retenção de R$ 16 milhões por parte da prefeitura de recursos destinados a hospitais públicos da cidade.
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