PF faz 29ª fase da Operação Lava Jato; alvo é ex-tesoureiro do PP
A PF (Polícia Federal) faz, na manhã desta segunda-feira (23), a 29ª fase da Operação Lava Jato. Estão sendo cumpridos seis mandados de busca e apreensão, dois de prisão temporária e um de prisão preventiva no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Distrito Federal.
Segundo a PF, a nova fase investiga crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva a ativa envolvendo verbas desviadas do esquema criminoso revelado no âmbito da Petrobras.
O mandado de prisão preventiva (sem prazo) é contra o ex-assessor parlamentar e ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genú, que foi detido na manhã de hoje em Brasília.
Ele também foi acusado de participação no escândalo do mensalão. Genú foi acusado de sacar cerca de R$ 1,1 milhão de propinas em espécie das contas da empresa SMP&B Comunicação, controlada por Marcos Valério, condenado por ser o operador do mensalão.
Em 2012, Genú chegou a ser condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, mas a pena prescreveu. Ele também foi condenado por lavagem de dinheiro, mas recorreu e foi inocentado em 2014.
Genú foi assessor do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. Janene foi apontado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, delatores da operação Lava Jato, como um dos políticos que atuaram no esquema de pagamento de propina envolvendo a estatal.
O ex-parlamentar também foi denunciado por participação no esquema do mensalão, mas morreu antes de ser julgado.
"Surgiram, porém, elementos probatórios que apontam a sua participação também no esquema criminoso que vitimou a Petrobras, motivo pelo qual passou a ser investigado novamente na Operação Lava Jato, onde as investigações apontam que ele continuou recebendo repasses mensais de propinas, mesmo durante o julgamento do mensalão e após ter sido condenado, repasses que ocorreram pelo menos até o ano de 2013", diz nota da PF.
Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", Genú tentou ocupar o espaço deixado no esquema após a morte de Janene. De acordo com delatores, Genú tinha uma atuação relevante no esquema, arrecadando e distribuindo propina, e participava de reuniões sobre a engenharia criminosa antes e depois da morte do deputado.
Por investigar um suspeito absolvido no julgamento do mensalão, a nova operação da Lava Jato foi batizada de "Repescagem".
As prisões temporárias (com prazo inicial de cinco dias) são contra Lucas Amorim Alves --também há dois mandados de busca na casa e no escritório dele-- e Humberto do Amaral Carrilho. Os policiais também cumprem mandado de busca e apreensão na casa de Antônio Gontijo de Rezende.
Alves, apontado pelos investigadores como sócio de Genú em empresas no ramo da construção civil que serviam para lavagem de dinheiro, também foi preso hoje. "Mais de R$ 7 milhões entraram nas contas bancárias dessas empresas sem qualquer justificativa. Depósitos e transferências sem qualquer identificação da origem", disse o delegado da Polícia Federal Luciano Alves de Lima.
Já Carrilho é considerado foragido já que a PF não conseguiu localizá-lo hoje em sua casa no Recife. Segundo a Polícia Federal, Carrilho está fora do país. De acordo com as investigações, há "fortes indícios" de que ele ajudou a omitir o patrimônio de Genú por meio de contas no exterior.
O UOL entrou em contato com a presidência do PP, que afirmou em nota que o partido "reitera que não admite a prática de atos ilícitos e reafirma confiar no trabalho da Justiça para que a verdade prevaleça". A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos acusados.
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