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Lula diz que Polícia Federal sabia de cirurgia de mulher de Mantega

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, no Recife

22/09/2016 20h38

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite desta quinta-feira (22), no Recife, que a Polícia Federal sabia que a mulher do ex-ministro Guido Mantega estava internada, durante a operação que deflagrou sua prisão.

Pela manhã, o ex-ministro foi preso por cerca de 5 horas durante a Operação Arquivo X, dentro da Operação Lava Jato. Ele foi detido em frente ao hospital onde sua mulher iria começar uma operação. No comício no Recife, Lula exagerou, dizendo que os policiais entraram na sala de cirurgia.

"Hoje a Polícia Federal foi buscar o Guido no hospital. Entraram na sala de cirurgia, onde a mulher dele que está com câncer começava uma cirurgia. E levaram ele e depois, com a maior desfaçatez, que não sabiam que ela estava doente. Sabiam! Ela não estava dentro de um hospital para se embelezar. É preciso que esse país volte a normalidade. Isso exige que as instituições respeitem as pessoas e a sociedade", disse.

A prisão de Mantega no hospital teve repercussão negativa e fez com que o juiz Sergio Moro revogasse a prisão que iria levá-lo a Curitiba. No despacho, Moro argumentou que não havia mais necessidade da prisão porque já havia sido feito a busca e apreensão.

Lula participou de caminhada e comício no centro do Recife em apoio à candidatura de João Paulo (PT). Ele foi recebido por centenas de pessoas aos gritos de "guerreiro do povo brasileiro" e "fora, Temer". Antes, no início da tarde, passou por Natal, onde participou de ato em favor da campanha Fernando Mineiro (PT).

Lula está participando de comícios pela região Nordeste essa semana, ela já esteve em Pernambuco e Ceará.

O ex-presidente voltou a criticar a denúncia feita contra ele. "Vocês estão acompanhando o processo de perseguição e de criminalização, mas não se preocupem porque eu estou tranquilo. Eu duvido que dentro do Ministério Público, ou na Polícia Federal, ou mesmo o juiz [Sérgio] Moro seja mais honesto do que eu. Não faça denúncia com a convicção. Ele pegue a convicção o que ele quiser, porque eu também tenho uma história de luta nesse pais. É preciso que eles aprendam a respeitar", afirmou.

Lula também afirmou que há uma perseguição contra o PT. "Se eles têm medo do vermelho, eu tenho orgulho do vermelho. Eles não estão tentando destruindo pelas coisas ruins. Querem criminalizar porque o PT em apenas 20 anos fizemos mais que eles em cinco séculos; é partido da inclusão social. Tenho consciência do ódio que eles têm de mim, acho que eles não perdoam por isso", disse.

O ex-presidente pediu que os eleitores do Recife rejeitem os candidatos que apoiaram o "golpe" contra Dilma. "O gesto que a elite política do país fez não foi cassar o voto, ou o mandato da Dilma. O que fizeram foi rasgar o título de eleitor pernambucano, que elegeu a Dilma com com mais de 80% dos votos. Chegou a hora de vocês darem o troco, porque todos os outros que estão discutindo fizeram parte do golpe que cassou a Dilma", afirmou.

Para Lula, a operação Lava Jato está atuando para prejudicar o PT. "Hoje tem um conluio da imprensa, de uma parte da PF, parte do MP. Hoje, no Brasil, você não precisa ser julgado, só precisa ser alvo de quatro manchetes de jornal todo dia e na televisão para você ser condenado pela opinião pública. Eu sei o que a imprensa quer fazer comigo, mas não preciso da imprensa para ter carinho e compreensão do povo brasileiro", finalizou.

Mais participações

O senador Humberto Costa (PT-PE) também comentou a operação e disse que a a prisão do ex-ministro Guido Mantega foi um ato de "abuso de autoridade" do juiz federal Sérgio Moro. "Prenderam um homem que teve a vida devastada, que teve os sigilos quebrados. Não precisava prender, bastava convidar que ele iria. Fizeram isso por causa das eleições, para desmoralizar o PT", afirmou.

O presidente da CUT, Wagner Freitas, também participou do ato no Recife e afirmou que uma série de mobilizações no Brasil contra o governo Temer, a favor de Lula e para evitar mudanças nas leis trabalhistas e da previdência. "Vamos fazer uma greve geral no país para impedir a retirada de direitos. Nossa luta não acabou com a saída da Dilma, ela apenas começou. E mexeu com Lula, mexeu comigo", disse.