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Prisão de Cunha representa fim do "símbolo da impunidade", diz especialista

O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) é levado para avião da Polícia Federal acompanhado de agentes em Brasília, nesta quarta (19). Cunha foi preso por ordem do juiz Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato  - Michael Melo/Metropoles via AP
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) é levado para avião da Polícia Federal acompanhado de agentes em Brasília, nesta quarta (19). Cunha foi preso por ordem do juiz Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato Imagem: Michael Melo/Metropoles via AP

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

19/10/2016 17h31

A prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu da Operação Lava Jato sob a acusação de ter recebido propina em contas na Suíça do esquema de corrupção da Petrobras, representa o fim do "símbolo da impunidade" no Brasil, segundo Ricardo Wahrendorf Caldas, professor de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília).

"A ida de Cunha para a cadeia é só a confirmação de um político em queda, que teve seu ápice quando alcançou a presidência da Câmara, mas que passou por vários declínios que vão desde a perda de apoios até a sua cassação", aponta o especialista. "Sem a prerrogativa de um político, o peemedebista virou um alvo fraco da PF."

Segundo Caldas, com o fim do "símbolo da impunidade" até então representado por Cunha, ninguém mais tem garantia de nada.

Qualquer um pode ser investigado, julgado e preso. Não há mais segurança nem mesmo para os políticos"

Segundo ele, uma possível delação do político pode representar uma bomba no cenário político, principalmente por se tratar de "peça central no esquema". "Se a delação do ex-senador Delcídio do Amaral já causou estragos, imagina o potencial de quedas que as revelações de Cunha podem causar?", questiona o cientista político.

Para Caldas, a acusação contra a mulher do político e a inviabilidade de novas "manobras políticas" --características na gestão de Cunha a frente da Câmara--  tendem favorecer a delação.

Caldas diz que a mulher do peemedebista, que também é alvo na Operação Lava Jato, já demonstrou não ter estrutura emocional para encarar os interrogatórios e muito menos uma possível prisão. "O primeiro depoimento dela, por exemplo, já foi desastroso para a defesa do marido. Portanto, para querer poupá-la, é possível que Cunha resolva colaboração com as investigações."

"Também não há mais como Cunha se apoiar na base das trocas. Nem mesmo Renan Calheiros (PMDB-AL) ou o presidente Michael Temer podem ajuda-lo agora", acrescentou o professor da UnB.

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