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Odebrecht pagou campanhas de Marta, Gleisi, Haddad e Patrus, dizem marqueteiros

Santana (de óculos) e Mônica (de óculos escuros) deixam sede da PF em Curitiba - Paulo Lisboa - 1º.ago.2016/Folhapress
Santana (de óculos) e Mônica (de óculos escuros) deixam sede da PF em Curitiba Imagem: Paulo Lisboa - 1º.ago.2016/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

18/04/2017 23h01Atualizada em 19/04/2017 15h42

O marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, disseram em depoimentos ao juiz Sérgio Moro no âmbito da Operação Lava Jato que a Odebrecht pagou a ambos, via caixa 2, por parte do trabalho realizado em campanhas eleitorais das senadoras Marta Suplicy (então PT; agora no PMDB-SP) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), do deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), e do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). 

Segundo Mônica, a Odebrecht pagou R$ 18 milhões relativos às campanhas de Marta e Gleisi em 2008. Naquele ano, ainda no PT, Marta se candidatou à Prefeitura de São Paulo. Gleisi, por sua vez, disputou a prefeitura de Curitiba. Ambas foram derrotadas. Gleisi é alvo de novo inquérito da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal). Nas planilhas da Odebrecht, Gleisi recebeu o codinome de "amante" e é acusada de ter recebido R$ 5 milhões para a campanha de 2014.

Já os pagamentos relativos às campanhas de Haddad e Patrus teriam sido, segundo Mônica, pelo trabalho realizado nas eleições de 2012. Haddad venceu a disputa municipal em São Paulo, enquanto Patrus foi derrotado em Belo Horizonte.

Em seu depoimento, Santana confirmou os pagamentos para as campanhas mencionadas. O marqueteiro acrescentou que o dinheiro pelas campanhas de Haddad e Patrus foi recebido no exterior, por meio de uma conta não declarada que o casal tinha na Suíça. Já Mônica disse que os pagamentos da Odebrecht pelas campanhas de Marta e Gleisi foram provavelmente feitos no Brasil.

Outro lado

Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, a senadora Gleisi disse que não solicitou contribuição de campanhas aos executivos da Odebrecht e nem que pagassem contas da campanha de 2008. Segundo Gleisi, todos os valores que foram recebidos como doação ou pagos aos prestadores de serviços constam de suas prestações de contas aprovadas pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), diz o comunicado.

A assessoria de Marta Suplicy enviou nota esta quarta (19) assinada pela senadora. Marta diz que nunca pediu ou autorizou qualquer pessoa a solicitar doação para suas campanhas fora do que determina a legislação eleitoral, e que jamais teve qualquer relação com a Odebrecht. "A esse respeito, aliás, Benedito Junior, ex-presidente da Odebrecht, diz textualmente: 'Marta Suplicy nunca chegou a beneficiar a Odebrecht.' Outro trecho:  'Marta era avessa à relação com a Odebrecht.' Reitero que minha conduta sempre esteve baseada nos princípios éticos que caracterizam toda a minha vida", afirmou a parlamentar do PMDB.

O UOL também enviou um e-mail para o gabinete de Patrus Ananias pouco antes das 22h30 desta terça. A assessoria de Fernando Haddad não foi encontrada.

O depoimento do casal faz parte da ação penal em que o ex-ministro Antonio Palocci é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. Palocci está preso preventivamente, por decisão de Moro, desde setembro de 2016, quando foi detido na 35ª fase da Operação Lava Jato.