Após saída do Planalto, Geddel afirmou que ia se "aposentar" da política
Após pedir demissão da Secretaria de Governo e voltar em definitivo para Salvador, na Bahia, Geddel Vieira Lima, preso nesta segunda-feira (3) pela Polícia Federal, afirmou à reportagem do UOL, em maio deste ano, que estava focado em sua defesa e ia se aposentar da política.
“Não tenho pretensões eleitorais e quero me aposentar da política”, declarou à reportagem, por telefone, na época. “Estou aqui em Salvador focado em me defender, estou focado na minha defesa. Não tenho nenhum comentário a fazer.”
"Situação periférica"
Questionado pelo UOL sobre as citações ao seu nome pelos delatores do grupo J&F, Geddel disse que elas eram uma “situação periférica”. O baiano foi apontado pelo empresário Joesley Batista como o seu interlocutor junto ao presidente da República, Michel Temer (PMDB), na suposta compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro.
Em um dos depoimentos que embasaram sua delação, Joesley, que é um dos donos do grupo J&F, disse que o ex-ministro o questionava se os pagamentos ao corretor estavam sendo feitos, usando a expressão "como é que está o passarinho?".
Na conversa com Temer, gravada no último dia 7 de março no Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente, o empresário também citou Geddel, dizendo ter perdido o contato com o baiano "porque ele virou investigado".
"Agora eu não posso", diz Joesley, segundo a perícia realizada pela PF no áudio. "Complicado, é complicado", responde Temer. "Eu não posso encontrar ele", complementa Batista. "Porque pode parecer obstrução de Justiça, viu?", diz o presidente. "Isso, isso, isso, isso", comenta o empresário. "Perigosíssima essa situação", conclui Temer.
Em entrevista à revista "Época" no mês passado, Joesley afirmou que Geddel era o "mensageiro" de Temer, que "toda hora" o procurava para garantir que ele "estava mantendo esse sistema", referência à compra do silêncio de Cunha e Funaro.
Também questionado pela reportagem, Geddel disse que não conversava mais frequentemente com o presidente Michel Temer. No entanto, ele visitou o ex-colega no Palácio do Jaburu por volta do início de maio e foi ao Planalto conversar com Padilha, entre outros, há cerca de um mês e meio.
A prisão de Geddel ocorre no momento em que a PGR (Procuradoria-Geral da República) estuda a apresentação de uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, por supostamente ter dado aval à compra do silêncio de Cunha.
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