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Quem tem direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro, diz Lula

Assista à íntegra do discurso de Lula após condenação por Moro

UOL Notícias

Hanrrikson de Andrade, Luís Adorno, Mirthyani Bezerra e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo e no Rio

13/07/2017 13h02Atualizada em 13/07/2017 15h25

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71, declarou, nesta quinta-feira (13), que vai reivindicar de seu partido, o PT, a indicação para concorrer à Presidência da República na eleição do ano que vem. Ele afirmou que, apesar da "idade avançada", "está disposto a brigar do mesmo jeito quanto tinha 32". "Estou mais experiente, estou tomando vitamina de manhã, estou fazendo ginástica. Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Somente na política, quem tem direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro."

Essa foi a primeira vez que Lula, chefe do Executivo nacional por dois mandatos, no período entre 2003 e 2010, se pronunciou publicamente após ter sido condenado pelo juiz Sérgio Moro em um dos processos da Operação Lava Jato --o que se refere ao tríplex em Guarujá (SP). O petista foi sentenciado, na quarta-feira (12), a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado. Ele vai recorrer em liberdade.

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O ex-presidente também disse que a sentença é "uma tentativa de tirá-lo do jogo político", em referência a uma possível candidatura nas eleições presidenciais do ano que vem. "Se pensam que, com essa sentença me tiraram do jogo, podem saber que eu estou no jogo. Quero reivindicar a minha nomeação como postulante a candidato do PT nas eleições presidenciais."

Após a declaração, em tom de campanha eleitoral, o político foi aplaudido aos gritos de "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".

Em tom de campanha, o petista ainda criticou a reforma trabalhista, aprovada na terça-feira pelo Congresso. "Se eles acabaram de destruir tudo que foi de direito dos trabalhadores, eu queria dizer: senhores da Casa Grande, permitam que alguém da senzala faça o que vocês não têm competência. O povo está precisando de alguém que saiba a vida dura que leva o povo pobre desse país", complementou.

Lula foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela acusação de ter sido beneficiado com um tríplex em um condomínio em Guarujá (SP) e vai recorrer da condenação em liberdade. Moro acatou a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) na qual, segundo a acusação, o ex-presidente recebeu propina por conta de três contratos firmados entre a empreiteira OAS e a Petrobras, entre 2006 e 2012. 

A decisão de Moro não impede que Lula se candidate à Presidência da República nas eleições de 2018. Segundo último levantamento feito pelo Datafolha, o petista aparece à frente com 29% a 30% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PSC) e Marina Silva (Rede).

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Segundo a lei da Ficha Limpa, um político só é impedido de disputar um cargo eletivo se ele tiver uma condenação por um órgão colegiado. No caso, Lula em teoria só ficaria inelegível se juntos os desembargadores do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) votarem e prevalecer o entendimento que ele de fato praticou os crimes. Se até 15 de agosto do próximo ano, que é a data limite para o registro das candidaturas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o TRF4 não tiver decidido se Lula é ou não culpado dos crimes, ele poderá se candidatar e disputar as eleições normalmente.

 

Entretanto, este era o primeiro dos cinco processos que Lula responde. Além desse, o petista é réu em outro também no Paraná e mais três no Distrito Federal. Sergio Moro ainda analisa uma sexta denúncia apresentada pelo MPF, desta vez, sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro no sítio de Atibaia (SP).

De acordo com Moro, o crime de corrupção envolveu a destinação de R$ 16 milhões "a agentes políticos do Partido dos Trabalhadores, um valor muito expressivo". "Além disso, de acordo com o juiz, o crime foi praticado em um esquema mais amplo no qual o pagamento de propinas havia se tornado rotina". O juiz apontou "culpabilidade elevada" de Lula, que recebeu, segundo ele, "vantagem indevida em decorrência do cargo de presidente da República, ou seja, de mandatário maior".

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou seu discurso ironizando a sentença proferida pelo juiz federal Sérgio Moro e criticou o que considera falta de provas contra ele. "Não sei como alguém consegue escrever quase 300 páginas contra uma pessoa que ele quer condenar sem nenhuma prova", afirmou. O petista foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao ter sido beneficiado com um tríplex em um condomínio em Guarujá (SP).