Marun tem intensivo de "beija-mão" no Planalto em primeira semana como ministro
Carlos Marun (PMDB) teve um intensivo de beija-mão de políticos em seu gabinete no Palácio do Planalto na primeira semana como ministro da Secretaria de Governo, cuja principal função é a articulação política do presidente da República, Michel Temer (PMDB).
Marun assumiu a pasta na última sexta-feira (15) em substituição a Antonio Imbassahy (PSDB) após pressões do PMDB, de partidos da base aliada e do centrão. Eles queriam a saída do tucano devido às divergências internas da sigla quanto ao desembarque do governo e em troca de votos para a reforma da Previdência. Imbassahy retornou ao mandato como deputado federal na Câmara pela Bahia.
Ao tomar posse, em discurso, Temer pediu que Marun se dedicasse “dia e noite, 18 horas por dia pelo menos, se possível 20” para aprovar a matéria, e o novo ministro parece estar empenhado em obedecer ao chefe. Marun tem chegado à sala no quarto andar do Planalto, um acima de Temer, por volta das 8h e saído às 22h ou até à meia-noite.
Na agenda, encontros seguidos com políticos dos graus mais variados. Somente entre segunda (18) e quinta (21), ele recebeu pelo menos 47 deputados, oito senadores, três ministros e dois governadores, segundo a agenda oficial.
No entanto, o número real é maior ainda, de acordo com interlocutores do Planalto, se contabilizados vereadores, deputados estaduais e “encaixes”, entre outros. “Ele está sempre aberto a atender a todos. Mesmo que ele não possa na hora, ele arranja um tempinho depois durante o dia”, afirmou um assessor.
O UOL presenciou na quarta (20), por exemplo, o corredor que abriga o gabinete de Marun e a sala de espera de visitantes da Secretaria de Governo cheios de políticos com papéis na mão e celulares ao ouvido. Enquanto esperavam ser chamados, assistiam às notícias na televisão bebericando um cafezinho.
As conversas giraram principalmente em torno das emendas prometidas e a serem pagas pelo governo e cargos que continuam em aberto para indicações políticas no segundo e terceiro escalões da administração pública. Outros vão ao Planalto também para fazer uma média política e dar as boas-vindas ao novo ministro.
As romarias de políticos com Imbassahy também já foram intensas, mas estavam mais esparsas nas suas últimas semanas no cargo devido à rejeição de parte dos deputados em negociar termos do apoio ao governo com ele. Quem assumiu parte das tratativas na época foi o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB).
Outros compromissos de Marun ao longo da semana incluíram café da manhã com o líder do PR na Câmara, deputado federal José Rocha (BA), convenção nacional do PMDB, reunião com a bancada do Podemos, jantares – inclusive com a presença do relator da reforma da Previdência, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) –, eventos oficiais no Planalto e despachos com Temer.
Com o presidente, as conversas de Marun têm sido mais breves do que as de Imbassahy, segundo um assessor ao UOL. “Duram em torno de 10 a 15 minutos. Com o Imbassahy era coisa de 30 minutos a até uma hora dependendo da situação. Isso não quer dizer que influencie o resultado prático. Eles têm apenas perfis e estilos de trabalhar diferentes”, disse.
Marun viaja nesta sexta-feira (22) para passar o Natal com a família em Campo Grande, onde mantém residência e construiu a carreira política, e retorna a Brasília na terça (26). O destino do Ano-Novo ainda será definido.
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