Topo

Ida da PF para novo ministério não vai interferir na Lava Jato, diz Temer

Jungmann liga morador do Rio a auxílio ao crime

UOL Notícias

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

27/02/2018 12h43Atualizada em 27/02/2018 16h44

O presidente da República, Michel Temer (MDB), afirmou nesta terça-feira (27) que a transferência da PF (Polícia Federal) para o novo Ministério da Segurança Pública não irá interferir na Operação Lava Jato.

“Isso [a continuidade da Lava Jato] vem sendo tranquilamente levado adiante. Não há um movimento sequer com vistas à interrupção [da Lava Jato]", afirmou Temer em breve entrevista logo após a posse de Raul Jungmann como titular da nova pasta.

"Aliás, vamos registrar um fato, segurança pública é para combater a criminalidade. Que tipo de criminalidade? Aquela digamos, podemos dizer assim, mais vivenciada, tráfico de drogas, bandidagem em geral e, evidentemente, a corrupção. Esta é a função do Ministério da Segurança Pública”, declarou Temer.

O presidente é atualmente investigado pela PF no inquérito dos Portos, que apura um suposto esquema de corrupção entre políticos e empresas do setor em troca de vantagens no Porto de Santos.

Após declarações do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, de que o inquérito poderia ser arquivado, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu que o STF (Supremo Tribunal Federal) proíba ele de interferir na investigação contra o presidente.

Além da PF, o novo ministério vai assumir a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), o Conasp (Conselho Nacional de Segurança Pública), o CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária) e a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública). Todos estes órgãos estavam subordinados ao Ministério da Justiça.

Fernando Segovia participou da cerimônia de posse de Jungmann - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Fernando Segovia participou da cerimônia de posse de Jungmann
Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Novas intervenções “caso a caso”

No discurso na cerimônia de posse de Jungmann, Temer defendeu a intervenção federal no Rio chamando-a de parcial, civil e democrática. Ele elogiou o trabalho e apoio dos militares e lembrou-se das GLOs (Garantias de Lei e da Ordem) instaladas em diversos Estados do país.

O presidente disse ainda que não é possível erradicar a criminalidade no país de uma só vez e pediu também a cooperação da sociedade. Questionado se o modelo de intervenção no Rio pode ser aplicado em outros Estados, Temer afirmou que avaliará “caso a caso”. Uma reunião com governadores foi convocada para esta quinta-feira (1º) no Palácio do Planalto.

“O Ministério da Segurança Pública vai cuidar dessas questões. [Com os governadores] vamos começar a tratar dessa questão dos Estados. Aí, pontualmente, vamos verificando caso a caso”, disse.

Temer (à esq.) deu posse a Jungmann como ministro da Segurança Pública  - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Temer (à esq.) deu posse a Jungmann como ministro da Segurança Pública
Imagem: Reprodução/Twitter

Antes do evento de posse, Temer se encontrou com o prefeito do Rio de Janeiro, Marcello Crivella (PRB). De acordo com o presidente, o prefeito pediu verbas a serem aplicadas em favelas da cidade. A solicitação está em estudo.

Ainda na fala durante cerimônia, Temer citou ações sociais do governo, como a reforma do Ensino Médio e a queda da inflação, entre outros índices econômicos, e a integração de bacias do Rio São Francisco. Embora não tenha declarado publicamente, o presidente cogita se candidatar à Presidência nas eleições de outubro deste ano.