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Gleisi diz ser contra ódio e que tem de estar onde Lula está

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

08/04/2018 18h02Atualizada em 08/04/2018 19h04

Em um ato de vigília marcado pela presença de lideranças do PT, próximo à Superintendência da PF (Polícia Federal), em Curitiba --onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde a noite deste sábado (7)--, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse ser “contra qualquer ato de violência”.

A afirmação foi uma resposta sobre os ataques sofridos por jornalistas durante a cobertura da prisão do ex-presidente.

De acordo com a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), pelo menos seis repórteres foram agredidos ou ameaçados em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde Lula permaneceu desde que foi decretada a ordem de prisão contra ele, na quinta (5). 

“Somos contra qualquer ato de violência, seja da imprensa contra nós, seja de membros de movimentos contra a imprensa. Acho que é a hora de esse país acalmar. Propagar o ódio, como nós temos visto acontecer, é muito ruim. Não vai levar a nenhuma solução”, disse Gleisi.

Militantes favoráveis ao PT, que antes estavam em frente à sede da PF em Curitiba, tiveram que se deslocar para uma área próxima devido a uma decisão da Justiça paranaense que proíbe manifestações no local. Eles estão a cerca de 150 metros dali, em uma rua majoritariamente residencial. Na noite de ontem, durante a chegada do ex-presidente à Superintendência, policiais atiraram bombas e balas de borracha contra os apoiadores de Lula. Gleisi reiterou que foi "inaceitável" o uso de bombas de gás na noite de sábado para a dispersão dos manifestantes que fazem vigília nos arredores da sede da Polícia Federal. 

“Soube que tem uma proposta aqui para irmos para um parque longe. Quero dizer que não iremos. E eu espero sinceramente, viu Justiça e polícia, que não tenha violência. Porque, se tiver, nós vamos ficar aqui. Vocês vão ter que explicar ao mundo a violência em cima de um protesto democrático e pacífico”, disse Gleisi aos presentes na vigília, que teve participação musical da cantora Ana Cañas.

Segundo ela, nove governadores do Nordeste querem visitar Lula nesta semana. "A visita de uma comissão do Senado será marcada", acrescentou, dizendo que Lula teria direito a visitas de caráter político.

Nesta segunda-feira, 9, haverá uma reunião da direção executiva do PT, em Curitiba. Segundo Gleisi, o ex-presidente passa bem e a sala que foi preparada pela Polícia Federal para recebê-lo é um "local digno".

Transmissões ao vivo no Facebook, tanto na página de Lula quanto na página do próprio PT, divulgam a vigília em apoio ao ex-presidente. Em diversos momentos, Gleisi e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) se dirigiram a quem acompanhava a transmissão online para convocar a militância para ir a Curitiba.

“Estão chegando aqui caravanas de vários estados brasileiros. Isso tende a aumentar, vai ficar maior”, disse Gleisi. “Tem de estar onde Lula está.”

“Quero chamar você para vir para Curitiba. A gente tem que fazer como fez em São Bernardo, fazer uma vigília permanente”, afirmou Lindbergh.

Foram frequentes também os gritos de “Eu sou Lula” pelos presentes --em seu último discurso antes de ser preso, realizado em ato em frente ao sindicato do ABC, o ex-presidente convocou a militância para que cada um se “transformasse” em Lula.

“Eu vou cumprir o mandado [de prisão] e vocês vão ter que se transformar, cada um de vocês, vocês não vão mais chamar Chiquinha, Joãozinho, Zezinho, Robertinho, todos vocês, daqui pra frente, vão virar Lula e vão andar por esse país”, afirmou. “E quanto mais dias eles me deixarem lá, mais Lula vai nascer nesse país e mais gente vai querer brigar nesse país porque a democracia não tem limite, não tem hora pra gente brigar.”

(Com Estadão Conteúdo)