Topo

Em reunião com nova equipe, Temer pede que ministros não se incomodem com críticas

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

12/04/2018 11h35Atualizada em 12/04/2018 12h55

O presidente Michel Temer (MDB) pediu nesta quinta-feira (12) que os ministros não se incomodem com críticas ao governo. Ele promoveu reunião ministerial no Palácio do Planalto pela manhã. Este foi o primeiro encontro dos titulares de pastas após a posse de 10 novos ministros na terça (10).

“Nós mantivemos essa equação [de ações do governo] precisamente porque o passado deu certo. Se o passado deu certo, esse presente nos conduzirá para um futuro mais saudável ainda do que já obtivemos até agora. E olha aqui: não vamos nos incomodar com críticas, não vamos nos incomodar com aqueles que querem dizer ‘não, não pode etc isso, aquilo'. Nós vamos em frente. Enquanto as pessoas protestam, a caravana do governo vai trabalhando”, declarou.

Na abertura da reunião, Temer discursou por cerca de 40 minutos exaltando apenas agendas positivas de sua gestão. Apesar da duração da fala, chamou-a de “breve relato”. Ele reforçou o que considera bons atos do governo nas áreas de economia, educação, trabalho, meio ambiente, energia, saúde, programas sociais, agricultura e política externa. Quanto aos direitos humanos, disse estar “tudo se ampliando”.

A fala de Temer acontece no momento em que dois de seus amigos próximos são alvos da Justiça. Ontem, o juiz Marcos Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, negou um pedido de prisão preventiva contra o advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho, ambos ex-assessores de Temer, conforme queria o Ministério Público Federal. 

Eles se tornaram réus pelas mãos do mesmo magistrado, que é responsável na primeira instância pela investigação de organização criminosa na bancada do MDB na Câmara, um desdobramento da Lava Jato. 

Nesta quarta (11), em discurso em evento com políticos, Temer reclamou que “a classe política tem sido muito desvalorizada” e clamou que se faça uma defesa mais veemente dela. “[...] Ao longo desses últimos tempos, vocês sabem que a classe política tem sido muito desvalorizada. E, se nós não levantarmos a voz, e aqui eu a levanto no maior nível possível, e espero que os senhores usem a tribuna a todo momento para fazer essa defesa, porque evidentemente não é apenas o Executivo quem governa. O Executivo governa junto com o Legislativo”, disse.

No discurso hoje aos ministros, Temer ressaltou que o trabalho dos novos ministros deve ser de continuidade e pediu que estes não mudem programas nos respectivos ministérios nem suspendam ações.

“É o trabalho da continuidade. Ou seja, que nós possamos prosseguir com as mesmas teses, os mesmos programas e, naturalmente, com as mesmas vitórias que temos todo nesses quase dois anos de governo. Ressalto muito a palavra continuidade, porque às vezes o ministro pode chegar e entender que possa modificar seja a estrutura seja os programas do ministério. Isso neste momento, devo alertar, não é razoável nem admissível”, afirmou.

Mesmo assim, Temer falou que haverá “coisas novas” até o final do governo, em 31 de dezembro deste ano, “o que significa que muito se pode fazer".

Ainda de acordo com Temer nesta quinta, as dificuldades enfrentadas pelo governo, como a oposição e “outras tantas questões”, são “combustível” que o faz querer continuar.

A reunião aconteceu na Sala Suprema no segundo andar do Palácio do Planalto e foi restrita aos participantes e seus assessores. A fala inicial de Temer foi transmitida ao vivo pela NBR, canal oficial do governo federal. Outras falas, como a do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, não foram transmitidas.

Segundo a assessoria da Presidência, participaram da reunião ministerial:

1. Alberto Beltrame, Ministro do Desenvolvimento Social
2. Antônio de Pádua Andrade, Ministro da Integração Nacional
3. Carlos Marun, Ministro da Secretaria de Governo
4. Edson Duarte, Ministro do Meio Ambiente substituto
5. Eduardo Guardia, Ministro da Fazenda
6. Eliseu Padilha, Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República
7. Esteves Colnago, Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
8. Eumar Novacki, secretário-executivo do Ministério da Agricultura
9. General Joaquim Silva e Luna, Ministro da Defesa
10. Gilberto Kassab, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
11. Gilberto Occhi, Ministro da Saúde
12. Grace Maria Fernandes Mendonça, Advogada-Geral da União
13. Gustavo Rocha, Ministro dos Direitos Humanos
14. Helton Yomura, Ministro do Trabalho
15. Joaquim Lima, Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República interino
16. Leandro Fróes, Ministro do Esporte
18. Marco Antônio Freire Gomes, secretário-executivo do GSI
18. Marcos Galvão, secretário-geral das Relações Exteriores
19. Marcos Jorge, Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
20. Moreira Franco, Ministro de Minas e Energia
21. Raul Jungmann, Ministro Extraordinário da Segurança Pública
22. Rossieli Soares, Ministro da Educação
23. Sérgio Sá Leitão, Ministro da Cultura
24. Silvani Alves Pereira, secretário-executivo do Ministério das Cidades
25. Torquato Jardim, Ministro da Justiça
26. Valter Casimiro, Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil
27. Vinicius Lummertz, Ministro do Turismo
28. Wagner Rosário, Ministro Interino da Transparência e Controladoria-Geral da União
29.  Dyogo Oliveira, Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
30.   Ilan Goldfajn, Presidente do Banco Central do Brasil;
31. Nelson Antônio de Souza, Presidente da Caixa Econômica Federal;
32. Paulo Rogerio Caffarelli, Presidente do Banco do Brasil.