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Eduardo Bolsonaro diz que decreto das armas vai enfrentar batalha difícil

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) durante o evento no Club Homs, em São Paulo - JF DIORIO/ESTADÃO CONTEÚDO
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) durante o evento no Club Homs, em São Paulo Imagem: JF DIORIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

09/05/2019 21h29Atualizada em 10/05/2019 18h33

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou hoje que ainda não teve tempo de ler "com profundidade" o decreto sobre armas assinado pelo pai, mas que a regulamentação, apesar de ser "suave" segundo a sua avaliação, encontrará resistência para enfrentar o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).

"Não pensem que vai ser fácil essa batalha que a gente vai travar agora, seja no STF ou no Congresso. O tempo do Congresso não é o nosso tempo", afirmou o deputado federal. Eduardo criticou em seu discurso que o Legislativo e o Supremo não têm o mesmo "apetite" para questionar outros assuntos, como o aborto.

A consultoria legislativa da Câmara dos Deputados irá fazer um estudo de constitucionalidade do decreto. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o pedido é padrão. "Para todo decreto presidencial, há uma análise de constitucionalidade", disse.

Juristas também já questionaram a legalidade de decreto de Bolsonaro que facilitou porte de armas. Especialistas em segurança pública também consideraram que as mudanças são uma espécie de liberação de porte de arma disfarçada.

Em evento do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que defende valores cristãos, no Clube Homs, na capital paulista, Eduardo pediu ainda para que os defensores do decreto se engajem em campanhas nas redes sociais em defesa da proposta.

"Precisamos que vocês esclareçam para suas famílias nas redes sociais", disse. "Precisamos de apoio para levar adiante essas pautas."

Ele acusou ainda organizações contra armas de fabricar dados sem metodologia adequada. "Sou da Paz e Viva Rio não têm qualquer compromisso com a verdade, fabricam dados, através de errôneas metodologias", disse Eduardo, sem apresentar os problemas dos dados utilizados.

Ontem foi divulgado um levantamento do Instituto Sou da Paz que aponta que pelo menos 19,1 milhões de pessoas passam a ter o direito à posse de uma arma. O instituto levou em conta que, somente os moradores de áreas rurais com mais de 25 anos, correspondem a 18 milhões de pessoas. Fora isso, são 492 mil caminhoneiros autônomos, 30 mil conselheiros tutelares e 8.400 defensores públicos. Somadas, essas categorias totalizariam esse número. Segundo a entidade, porém, ele pode ser ainda maior, já que há categorias sem quantificação numérica, como os jornalistas que fazem coberturas policiais.

O Sou da Paz foi procurado para se manifestar, mas ainda não comentou a declaração. O Viva Rio diz que "prima pela transparência e pelo compromisso com a verdade e não entende os ataques à instituição". "O Viva Rio reitera que realiza pesquisas baseadas em informações reais e verdadeiras, segue metodologia científica e não manipula dados."

"O armamento é só uma pontinha de um processo de 'acadelamento' da sociedade, a transferência de uma responsabilidade que é sua para o governo. Como se fosse papel do governo defender todas as pessoas. Não é papel da polícia defender a sua casa quando alguém entrar lá. Quando alguém entra na sua casa, o primeiro responsável pelo combate é você", afirmou durante o evento.

Na realidade, segundo o artigo 144 da Constituição Federal, "a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio".

Eduardo defendeu ainda a fabricação de armas no Brasil. Segundo ele, três indústrias internacionais querem vir para o país. Para o deputado, o Estatuto do Desarmamento, aprovado em 2005, é um instrumento de dominação cultural. "Desarmamento não tem a ver com segurança pública."

"Meu cérebro não cresce mais do que o dos senhores. Continua do mesmo tamanho. E é muito mais complicado você aprender a dirigir do que usar uma arma de fogo."

Não há estudos, contudo, que comprovem essa afirmação.

Cerca de 600 pessoas assistiram à palestra conservadora. Também participaram o príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança e o coronel Paes de Lira, que fez um detalhamento da defesa do decreto de armas a pedido do próprio deputado federal.

Eduardo abriu o evento, discursando enquanto a plateia ainda chegava. Foi aplaudido em diversas ocasiões.

Ao final, foi cercado no palco por dezenas de fãs, que disputavam selfies e retratos ao lado do deputado. Uma longa fila, com jovens disputando espaço com bebês, se formou para tentar uma foto.

Ele precisou sair pelos fundos do palco para evitar o resto da multidão.

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