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Bolsonaro diz não admitir interferência e que Forças Armadas estão com povo

Do UOL, em São Paulo

03/05/2020 12h29

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou uma live em frente ao Palácio do Planalto na manhã de hoje na qual, enquanto acenava a apoiadores aglomerados em frente ao local, disse que não vai mais admitir interferência em seu Governo. Ele ainda afirmou que "cumprirá a constituição a qualquer preço" e que as "Forças Armadas estão com o povo" em meio a manifestações em Brasília contra ministros do STF e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).

"Queremos a independência verdadeiras dos 3 poderes, não só uma letra da constituição. Chega de interferência. Não vamos mais admitir interferência, acabou a paciência. Vamos levar esse Brasil para frente", disse.

Não houve referência direta, mas na última semana Bolsonaro se queixou diretamente do papel do Supremo Tribunal Federal (STF), especificamente do ministro Alexandre de Moraes, na decisão de barrar liminarmente a nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal.

Em outro momento, o presidente disse que a manifestação era espontânea e queria que ele trabalhasse "sem interferência para o futuro do Brasil". "Todos nós queremos o bem da nossa pátria", completou, dizendo que tem o povo de seu lado, e que as Forças Armadas estão do lado do povo.

"Tenho certeza de uma coisa, nós temos o povo ao nosso lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia, e pela liberdade. E o mais importante, temos Deus conosco".

Em outro momento, ele disse que "está no limite" e que vai fazer "ser cumprida a constituição a qualquer preço". Ele não especificou ao que se referia.

"Peço a Deus que não tenhamos os problemas dessa semana. Chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui para frente não só mais exigiremos, faremos cumprir a constituição. Ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla mão, não apenas uma. Amanhã vamos nomear o novo diretor-geral da PF e o Brasil segue seu rumo", disse.

Bolsonaro também atacou governadores e prefeitos por causa das medidas de restrição no combate ao novo coronavírus. "Essa destruição de empregos de forma irresponsável feita por alguns governadores não é bom", disse.

O presidente ainda afirmou que as medidas de isolamento social poderiam ter um efeito "mais danoso" do que o próprio coronavírus. Vale lembrar que a Organização Mundial de Saúde e os principais especialistas consideram o isolamento o único método eficiente no combate à disseminação do novo coronavírus.

A live durou mais de uma hora. De mãos dadas com a filha caçula, Laura, o presidente chegou descer a rampa para acenar aos manifestantes. Em outro momento, uma criança subiu a rampa do Palácio do Planalto e deu um abraço em Bolsonaro.

Próximo ao presidente, um jovem vestido com a camisa da seleção brasileira carregava um mastro com as bandeiras de Israel e dos Estados Unidos. Uma outra menina mais nova levava uma bandeira do Brasil. Uma maior chegou a ser estendida na rampa.

Os manifestantes, em determinado momento, começaram a gritar "Quem Mandou Adélio", em referência ao homem que esfaqueou Bolsonaro, durante a campanha eleitoral, em outubro de 2018, na cidade de Juiz de Fora. O presidente acredita que houve um mandante do atentado, apesar da Polícia Federal ter concluído que Adélio agiu sozinho.

Sem máscara, Bolsonaro se aproximou algumas vezes dos manifestantes, que estavam aglomerados, o que contraria recomendações da Organização Mundial de Saúde do Ministério Saúde de distanciamento social.

No meio do protesto, profissionais 'O Estado de S. Paulo', conforme publicado pelo site do jornal, foram agredidos. O fotógrafo Dida Sampaio foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. Já o motorista do jornal Marcos Pereira foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os manifestantes gritavam palavra de ordem como "fora Estadão". Os dois deixaram o local escoltados pela polícia e passam bem. Segundo o jornal, os repórteres Júlia Lindner e André Borges foram insultados, mas sem agressões.

Deputados presentes

Ao lado de Bolsonaro na rampa do Congresso estavam alguns deputados federais da base de apoio do presidente, como seu filho Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis.

"Esse povo aqui quer, não é fechar Supremo, não é fechar Congresso. O que nós queremos é que deixem o nosso presidente Jair Bolsonaro governar", afirmou a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), que estava ao lado do presidente.

Já Eduardo Bolsonaro disse: "Esse poder aqui é para poucos. É o poder do povo. Poucas autoridades não gozam do mesmo prestígio. O ideal é que todos tivessem essa mesma acolhida", afirmou.

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