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Ex-secretário diz que governador em exercício recebeu propina, diz jornal

Claudio Castro (PSC), governador em exercício do Rio de Janeiro - Reprodução de vídeo
Claudio Castro (PSC), governador em exercício do Rio de Janeiro Imagem: Reprodução de vídeo

Do UOL, em São Paulo

26/09/2020 08h59

Edmar Santos, ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, afirmou em seu acordo de delação premiada que o governador do estado em exercício, Cláudio Castro (PSC), recebeu dinheiro desviado que seria destinado ao combate do novo coronavírus.

De acordo com a delação, que teve trechos publicados hoje pelo jornal O Globo, Edmar Santos soube os destinatários do desvio em uma conversa com o presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), André Ceciliano (PT-RJ).

Ao todo, R$ 100 milhões teriam sido desviados a partir de um esquema de transferência de valores para prefeituras do interior do estado, sob influência dos deputados da Alerj, ainda segundo a delação de Edmar Santos.

O ex-secretário afirmou que o dinheiro seria dividido com o então vice-governador, Cláudio Castro (PSC), que substituiu Wilson Witzel (PSC) no cargo, e com o ex-secretário estadual da Casa Civil, André Moura (PSC), que hoje atua no escritório de representação do estado em Brasília.

Edmar disse que esteve no gabinete de Ceciliano para tratar do assunto. A movimentação de recursos, segundo ele, foi estruturada em cima de excedentes dos duodécimos da Alerj — valor transferido pelo Tesouro Estadual para o custeio do órgão.

Diante das dificuldades de caixa do Executivo, a Assembleia propôs doar as sobras. Mas, agora, o ex-secretário de Saúde afirma que o que ocorreu foi uma manobra para desviar dinheiro durante a pandemia.

A PGR (Procuradoria-Geral da República), segundo O Globo, afirma que Ceciliano procurou Edmar para garantir que o dinheiro chegaria a alguns municípios, "evidenciando que a estratégia tinha por objetivo maior atender aos interesses espúrios do grupo criminoso".

Cláudio Castro afirmou que não tem conhecimento dos fatos relatados por Edmar e negou qualquer envolvimento com irregularidades. Castro assumiu o comando do estado no último dia 28, quando Witzel foi afastado do cargo pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

André Ceciliano disse que as acusações são "mentirosas", que "a cada momento, novas e contraditórias versões da delação do réu confesso Edmar são noticiadas, na tentativa desesperada de reduzir sua pena" e que nunca se reuniu com o ex-secretário para tratar de assuntos que não fossem do interesse da população do Rio.

Wilson Witzel, também citado, negou "veementemente" o recebimento de propina do suposto esquema da Alerj e afirmou que Edmar apenas "intui" que os recursos seriam repassados a ele, sem apresentar provas.

André Moura afirmou que "desconhece qualquer suposto esquema citado em delação" e nega qualquer tipo de envolvimento.