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Rui Costa critica Bolsonaro e abertura de igrejas: 'A pior estratégia'

Rui Costa (PT) faz críticas ao governo de Bolsonaro - Reprodução/Facebook
Rui Costa (PT) faz críticas ao governo de Bolsonaro Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL

06/04/2021 11h06

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), fez duras críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia. "Quero que fique claro para o povo brasileiro que não tínhamos que viver essa crise de hoje, esse número escandaloso de mortes. Cientistas apontam que passaremos o auge dos Estados Unidos em número de mortes diárias, ou seja, serão mais de 500 mil", falou.

Para o governador, a crise atual poderia ter sido evitada se o governo federal tivesse assinado um contrato oferecido pela Pfizer em setembro. "Receberíamos em torno de 70 milhões de doses", pontuou. Em dezembro, Costa fez um pré-contrato para 50 milhões de vacinas Sputnik V e teria oferecido repasse das doses para o Ministério da Saúde para encorpar o plano nacional de imunização. "Com isso, conseguiríamos imunizar 60 milhões de brasileiros até o fim de abril e não estaríamos nessa crise, foi a falta da compra de vacina em momento adequado", avaliou.

Hoje à tarde, está marcada uma reunião da Anvisa com os governadores estaduais e o petista espera "sensibilidade e rapidez" para receber o primeiro lote de imunizantes, cerca de 2 milhões de doses. O político prevê acesso a mais 5 milhões de vacinas em maio, outros 10 milhões em junho e 20 milhões em julho, totalizando 37 milhões.

Sobre as recentes decisões de abrir igrejas e outros locais de culto, o governador da Bahia disse que vê um desrespeito com a saúde nacional. "Infelizmente, o Brasil adotou a pior estratégia, que foi a de conviver com o vírus. Por isso, hoje somos o pior exemplo mundial da pandemia", afirmou. "Esse tipo de situação não devia estar sendo pautada por liminar judicial ou por discursos religiosos, ideológicos e políticos, mas sim pela relação com a saúde, com disponibilidade sanitária se as pessoas se aglomerarem em ambientes fechados", complementou.

Caso do PM Wesley

Após uma semana da morte do policial militar Wesley Soares Góes, de 38 anos, o governador da Bahia afirmou que o soldado foi "vítima de um ambiente de ódio, que tomou conta do país em 2018. Foi vítima de uma avalanche de notícias falsas, de um conflito que domina o Brasil, principalmente, na pandemia".

Um dos maiores choques para Costa foi ver a politização feita a partir da morte do soldado . "Em poucos minutos, estava uma avalanche na internet, inclusive liderada pela deputada e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara incentivando motins", falou sem citar o nome de Bia Kicis. "Uma tragédia, uma vida foi apropriada de forma mesquinha dentro desse contexto de ódio e aparelhamento ideológico do Brasil", disse.

Como ainda há muitas questões em aberto sobre o suposto surto que levou o PM a pegar um fuzil antes de ser baleado por colegas de corporação, foi aberta uma força-tarefa para apurar melhor o caso.

Lula 2022

Por ser filiado ao PT e ter duras críticas ao atual governo, Rui Costa foi perguntado sobre uma possível candidatura de Lula nas eleições presidenciais de 2022. "Quem pode definir isso é a direção nacional, mas se depender de mim, sim. O Lula tem todas as condições para ser presidente de novo. O Brasil está precisando de paz", disse.

Para o governador da Bahia, um dos grandes méritos do ex-presidente é ter conseguido unir classes opostas, além de trazer crescimento para o país. Apesar disso, Costa concorda que tanto Lula quanto o PT poderiam ter lidado melhor com o combate à corrupção no Brasil. "Um grande problema é que nosso país adotou de forma equivocada o financiamento privado de campanha, que descambou para a corrupção, porque permitia uma relação promíscua entre agente público e o financiador da campanha", concluiu.