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Schelp: Aras e Mendonça colocam fundamentalismo acima da Constituição

Colaboração para o UOL

09/04/2021 15h00

Para o colunista do UOL Diogo Schelp, o advogado-geral da União, André Mendonça, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, colocaram a religião e o fundamentalismo acima da leitura da Constituição em seus discursos realizados durante o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a realização de cultos e missas presenciais durante a pandemia de covid-19.

No Baixo Clero #81, Schelp classificou as falas de Aras e de Mendonça como uma espécie de "concurso de religiosidade". Ambos fizeram diversas citações à Bíblia ao argumentarem pela necessidade de manutenção dos eventos religiosos de forma presencial mesmo em meio à pandemia. Esta tese, no entanto, foi derrotada no Supremo.

Schelp foi provocado pela apresentadora Carla Bigatto, que citou a futura vacância de uma vaga no STF pela aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello —entre os cotados para o posto, estão os nomes de Aras e de Mendonça.

"A gente teve algumas falas um tanto efusivas nessa busca por mais afinidade com o presidente da República", disse Bigatto, fazendo referência às declarações do AGU e do PGR. "O que você acha dessa disputa?", perguntou a Schelp (veja a partir de 38:42 no vídeo acima).

O colunista, então, fez um paralelo entre os discursos de Aras e de Mendonça durante o julgamento do Supremo e práticas conhecidas do fundamentalismo religioso.

"Uma das coisas que se sabe sobre o fundamentalismo religioso é que existe uma espécie de concurso de quem é o mais puro, o mais fiel às origens, aos princípios religiosos mais puros. O que a gente viu lá nas apreciações do André Mendonça e do Augusto Aras me pareceu muito esse concurso de religiosidade", respondeu o colunista (veja a partir de 39:43 no vídeo acima).

Schelp afirmou ainda que, na disputa travada entre Aras e Mendonça, "um tentou ser mais fundamentalista que o outro, colocando a religião acima da leitura da Constituição".

"Eles citavam a Bíblia, faziam um discurso de pastor ou padre, um sermão, praticamente. Isso é completamente desnecessário e inadequado para um momento como esse. O que é preciso discutir ali é a letra fria da Constituição brasileira, não é ficar apelando para a questão emocional, passional da religiosidade das pessoas", disse ainda (veja a partir de 40:26 no vídeo acima).

O colunista afirmou ainda que esta é a prática de países ditos fundamentalistas: "uma confusão absoluta entre a lei dos homens e a lei religiosa". "Sem querer dizer qual é mais importante, mas a questão é que o que se discute no STF é a lei dos homens, é a Constituição, a lei máxima do país."

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