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Câmara de Ponta Grossa (PR) aprova projeto para distribuir kit covid no SUS

Eficácia dos remédios nunca foi comprovada cientificamente - Divulgação
Eficácia dos remédios nunca foi comprovada cientificamente Imagem: Divulgação

Lorena Pelanda

Colaboração para o UOL, em Curitiba

19/04/2021 22h29

A Câmara Municipal de Ponta Grossa (PR) aprovou em segundo turno um projeto de lei que permite a distribuição de medicamentos para tratamento precoce da covid-19 no SUS (Sistema Único de Saúde), mesmo sem comprovação científica de eficácia do chamado "kit covid". Na votação feita na tarde de hoje, o projeto foi aprovado por 11 parlamentares, cinco foram contrários e houve uma abstenção. Agora, o projeto segue para sanção do Executivo.

Com a aprovação, a medida autoriza a Prefeitura de Ponta Grossa a disponibilizar de forma gratuita um kit de medicamentos para tratamento precoce contra o coronavírus. Entre os remédios estão a hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, usados para vários tipos de infestações de parasitas.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) já vetou o uso de iverrmectina no tratamento contra covid-19, e reafirmou que não há comprovação científica da eficácia da cloroquina.

Um dos autores do projeto, vereador Leandro Bianco (Republicanos), defende que é mais uma opção para o paciente enfrentar a covid-19. A ideia é criar um centro de atendimento imediato, onde os pacientes sejam atendidos por um médico do SUS que teria a liberdade de receitar o tratamento precoce ou não. "Queremos fazer uma parceria com o setor privado. Não será usado dinheiro público", diz o vereador.

O projeto de lei prevê que os medicamentos só serão distribuídos com receita médica. A prefeitura aguarda o encaminhamento do projeto para analisar. Já a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná ainda não se pronunciou sobre o projeto.

Partidos contrários prometem entrar na Justiça

Caso o projeto seja sancionado pela prefeita Elizabeth Schmidt, o PT e o PCdoB prometem entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Tribunal de Justiça do estado.

De acordo com o presidente municipal do PT, Nilson Neves, a aprovação não traz benefícios. "Entendemos que alguns tentem se agarrar a fórmulas milagrosas num momento tão difícil e com tantas mortes, mas estamos convictos de que o 'kit covid' não traz nenhum benefício e pode até piorar a situação de pessoas infectadas pelo novo coronavírus", afirma Neves.

Tratamento não recomendado

Desde o início da pandemia, o tratamento precoce do coronavírus gera polêmica. O protocolo é rejeitado por autoridades sanitárias brasileiras e pela OMS por não ter comprovação científica contra a doença.

Na semana passada, uma suspeita de morte por tratamento precoce trouxe grande repercussão no Paraná. O vice-presidente da Associação Comercial do Paraná, Luiz Antonio Leprevost, morreu meses após contrair o coronavírus. A suspeita é de que o óbito possa estar relacionado a medicamentos sem eficácia contra a covid-19.

O filho dele, o vereador Alexandre Leprevost, diz que o pai era defensor do chamado "tratamento precoce". "Foram quatro recaídas ao coma e cinco meses de luta. Neste período, ele foi para casa, mas retornou ao hospital com infecção causada pelo excesso de remédio", conta.

Veja como votou cada vereador no projeto de tratamento precoce da covid-19:

A favor

  • Daniel Milla (PSD)
  • Divo (PSD)
  • Ede Pimentel (PSB)
  • Felipe Passos (PSDB)
  • Filipe Chociai (PV)
  • Jairton da Farmácia (DEM)
  • Leandro Bianco (Republicanos)
  • Léo Farmacêutico (PV)
  • Missionária Adriana Jamier (SD)
  • Pastor Ezequiel Bueno (Avante)
  • Paulo Balansin (PSD)

Contra

  • Geraldo Stocco (PSB)
  • Izaías Salustiano (PSB)
  • Joce Canto (PSC)
  • Josi do Coletivo (PSOL)
  • Julio Kuller (MDB)

Abstenção

  • Doutor Erick (PSDB)