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Mourão defende Bolsonaro: 'Fala muita coisa, mas não age como fala'

Jair Bolsonaro passa a presidência interinamente a Hamilton Mourão antes de viagem para a Itália; Vice-presidente defende atuação de chefe do Executivo - Divulgação/Secom
Jair Bolsonaro passa a presidência interinamente a Hamilton Mourão antes de viagem para a Itália; Vice-presidente defende atuação de chefe do Executivo Imagem: Divulgação/Secom

Do UOL, em São Paulo

04/11/2021 09h41

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) defendeu, em entrevista ao jornal O Globo, a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à pandemia do novo coronavírus, argumentando que o chefe do Executivo "fala muita coisa, mas não age como fala".

Ao comentar sobre os trabalhos da CPI da Covid, que investigou a conduta do Governo durante a pandemia, Mourão disse que é "forçação de barra chamar Bolsonaro de genocida" e fez críticas à comissão.

"Foram seis meses de desgaste, mas acho que a CPI não trabalhou corretamente. Os interrogatórios foram mal conduzidos e atribuem ao presidente crimes que eu não concordo. É uma forçação de barra chamar Bolsonaro de genocida e difusor da pandemia. O presidente fala muita coisa, mas não age como fala", disse.

Mourão citou especificamente o caso das vacinas. Bolsonaro tem adotado um discurso antivacina desde o início da pandemia, sendo que até o momento diz não ter se imunizado contra a covid-19. Mas para o vice-presidente, na prática o chefe do Executivo contribuiu para a vacinação no país.

'Por exemplo, sobre vacina. Ele vai contra o que fala, porque compra e distribui vacina. Como diz o imperador romano Marco Aurélio, no livro Meditações, as ações não correspondem às palavras", disse.

Jair Bolsonaro é apontado no relatório final da CPI da Covid como um dos principais responsáveis pelo agravamento da pandemia de coronavírus.

O relatório sugere que Bolsonaro seja investigado e responsabilizado por dez crimes — entre eles, os previstos no Código Penal, com pena de prisão e/ou multa, crimes contra a humanidade e crimes de responsabilidade, que podem resultar em impeachment.

Durante o período de pandemia, Bolsonaro por repetidas vezes adotou discursos negacionistas. Ele é contra o uso de máscara, medida recomendada pelos médicos, mentiu sobre as vacinas — ele declara que não vai se vacinar — e criticou de forma enganosa os decretos de governadores e prefeitos para o isolamento social — diversos estudos científicos apontam que o isolamento não só foi importante para salvar vidas, como para conter os danos econômicos decorrentes da pandemia.

Relação com Bolsonaro

Na entrevista ao jornal O Globo, Mourão também disse que a relação com Bolsonaro melhorou depois de alguns atritos públicos. Segundo ele, a situação está muito boa.

"Temos mantido contato. Antes de ele embarcar para a reunião do G20, na Itália, fui até a base aérea para me despedir. Na volta, não fui recebê-lo, porque era muito cedo. Bolsonaro tem me dado funções de peso no âmbito da política externa. Na semana que vem, representarei o Brasil na posse do presidente eleito de Cabo Verde", disse.

Ainda segundo Mourão, o "presidente entendeu que tem a minha lealdade".