Topo

Esse conteúdo é antigo

Luciano Hang diz que PF recolheu seu celular: 'Fui tratado como um bandido'

Alvo de busca e apreensão da PF, empresário Luciano Hang diz que não defendeu golpe de Estado em grupo de WhatsApp e diz que foi "tratado como um bandido" - EDUARDO MATYSIAK/ESTADÃO CONTEÚDO
Alvo de busca e apreensão da PF, empresário Luciano Hang diz que não defendeu golpe de Estado em grupo de WhatsApp e diz que foi 'tratado como um bandido' Imagem: EDUARDO MATYSIAK/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

23/08/2022 11h43Atualizada em 23/08/2022 12h53

Alvo de uma operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal hoje, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, diz que foi "tratado como um bandido" e nega que tenha defendido um golpe de Estado em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro.

No Instagram, Hang diz que sempre defendeu a democracia e que está tranquilo, mas lamentou a possibilidade de perder acesso a suas redes sociais. Ele afirmou que seu celular foi recolhido durante a operação da PF.

Hoje, fui tratado novamente como um bandido! Estava trabalhando, às 6h da manhã, na minha empresa, quando a Polícia Federal chegou, claramente constrangidos. Uma matéria fora de contexto e irresponsável me colocou nessa situação. Eu nunca falei sobre golpe.
Empresário Luciano Hang reclama de operação da PF nas redes sociais

"Sempre defendi a democracia, a liberdade de expressão e opinião. Estou tranquilo, porque não tenho nada a temer e estou com a verdade ao meu lado. Agora, corro o risco de perder minhas redes mais uma vez", acrescentou o empresário.

A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após pedido da própria PF, segundo apuração do UOL.

Empresários bolsonaristas defenderam golpe em caso de vitória de Lula

A revelação do teor das mensagens trocadas em um grupo de empresários bolsonaristas no WhatsApp foi feita pelo jornalista Guilherme Amado, do jornal Metrópoles, na semana passada.

Na reportagem, Hang aparece afirmando desejar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito, porém não há mensagens em que ele apoie um golpe em caso de vitória de Lula.

Em nota enviada à imprensa após a operação, Hang disse que foi surpreendido com agentes da PF em sua empresa às 6 horas e nega ter defendido um golpe.

"Eu nunca falei de STF ou de golpe. O jornalista, de forma leviana e sensacionalista, usou trechos desconexos de conversas e a tirou de contexto", diz o posicionamento.

Há ainda a íntegra da mensagem enviada no grupo de empresários: "Mais 4 anos de Bolsonaro, mais 8 de Tarcísio e aí não terá mais espaço para esses vagabundos". A mensagem teria sido "uma resposta à fala do empresário Roberto Mota, que falava sobre eleições e não sobre poderes", complementa a nota de Hang.

A assessoria do empresário também divulgou um áudio de uma conversa dele com Guilherme Amado. Na conversa, Hang diz novamente que não defendeu um golpe e que a matéria o prejudicou, ao que o jornalista responde que o texto não o misturava entre aqueles que tinham endossado o movimento antidemocrático.

Luciano Hang ainda argumenta que não era mais um membro ativo do grupo devido a um vazamento anterior de informações. Na época, ele havia falado mal do padre Júlio Lancellotti, conhecido por atuar em prol da população de rua de São Paulo. A matéria com o teor das opiniões de Hang também foi publicada por Guilherme Amado.

Hang diz que permanece no grupo, pois é um dos que lhe dão "subsídio" para suas redes sociais, com conteúdos em vídeo e imagem.

Ao fim da conversa, Hang diz que a matéria poderia prejudicá-lo, e imaginou uma possível operação da PF em seus endereços — o que aconteceu: "Eu sou um cara muito visado, entendesse? Sai um negócio desse, e daqui a pouco estou com a Polícia Federal na minha porta de novo, de manhã cedo, 6 horas."

Luciano Hang já foi alvo de operação da PF em 2020. Na época, as buscas aconteceram no âmbito do inquérito das fake news, que apurava a produção e disseminação de notícias falsas contra o STF. A autorização também foi expedida por Alexandre de Moraes.

Quem são os outros empresários alvos da operação atual? As buscas estão sendo feitas em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Entre os alvos, estão:

  • Luciano Hang, da Havan
  • José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan
  • Ivan Wrobel, da Construtora W3
  • José Koury, do Barra World Shopping
  • Luiz André Tissot, do Grupo Serra
  • Meyer Nigri, da Tecnisa
  • Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii
  • Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu