Política

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Toledo: Ação da PF pode ser mais prejudicial a Bolsonaro do que entrevista

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/08/2022 09h17

A operação da PF (Polícia Federal) contra empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições pode arranhar mais a imagem do presidente do que a entrevista de ontem no Jornal Nacional, da TV Globo. A análise é do comentarista José Roberto de Toledo.

Em participação no UOL News, o jornalista destacou que a operação autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ofusca a repercussão da entrevista de Bolsonaro. As mensagens golpistas dos empresários em um grupo de WhatsApp foram reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles.

"Isso talvez seja mais prejudicial para a campanha do Bolsonaro do que a entrevista no Jornal Nacional", disse Toledo. "Esses caras são os patrocinadores do golpe. Eles patrocinam verbal e explicitamente. Numa das trocas de mensagens, um deles falou 'vamos dar um bônus para os nossos funcionários que votarem no Bolsonaro'."

"Eles estavam discutindo mais do que hipoteticamente um golpe, discutiam maneiras objetivas de ajudar o Bolsonaro por baixo do pano", afirmou. "Se a PF tiver competência e o ministro Alexandre de Moraes for perseverante nesse inquérito, talvez a gente descubra se eles financiaram mais do que com as suas palavras essa tentativa de golpe ou não."

Joel: Mensagens em grupo de empresários bolsonaristas revelam o que todo mundo já sabia

A operação da PF de hoje realiza buscas e apreensões em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.

Entre os alvos estão: Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; André Tissot, do Grupo Serra; Meyer Nigri, da Tecnisa; Marco Aurélio Raimundo, da Mormai; e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.

"Nenhum empresário disse que isso era fake ou não foi falado. Todos eles aceitaram que essas conversas estão no grupo deles", disse o comentarista do UOL Joel Pinheiro. "Revelou algo que, por um lado, todo mundo já sabia, ou seja, os empresários bolsonaristas são favoráveis ao que o bolsonarismo fala diariamente. Mas, ao mostrar, causa um choque porque é muito explícito. A preferência por uma ruptura total da ordem democrática é explícita no grupo."

Josias: Bolsonaro saiu ileso de entrevista no Jornal Nacional, engoliu raiva e esmurrou a Globo

O colunista do UOL Josias de Souza analisou que, na entrevista de Bolsonaro no Jornal Nacional, o presidente saiu ileso ao se apresentar "manso" e numa "embalagem especialmente fabricada para a ocasião."

"Mudou a forma, mas o conteúdo se manteve inalterado. Bolsonaro despejou sobre a bancada do telejornal a mesma gosma de sempre: 100% feita de mentira e de desconversa", disse Josias. "A novidade é que, dessa vez, ele seguiu quase à risca as orientações do centrão. Duelou com o William Bonner, ameaçou perder as estribeiras quando foi confrontado pela Renata Vasconcellos pelos absurdos que disse na pandemia, mas acabou engolindo a raiva e se manteve calmo."

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