Brasil tem 37 hospitais para tratar ebola, mas faltam macacões e instrução
Pelo menos 37 hospitais em 25 Estados e no Distrito Federal podem receber doentes com ebola no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com o ministério, os hospitais de referência em doenças infectocontagiosas têm estrutura adequada para cuidar desses doentes.
Segundo o UOL apurou, entretanto, alguns deles não possuem EPIs (equipamentos de proteção individual) como luvas, capotes e máscaras essenciais para a proteção de médicos e enfermeiros, e sequer os profissionais treinados para a eventualidade de uma epidemia.
Guiné, Libéria e Serra Leoa vivem surtos da doença, que já matou mais de 1.200 pessoas de fevereiro até agosto, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Casos já surgiram também na Nigéria, o maior país africano; norte-americanos e espanhóis contaminados foram transportados para os seus países para serem tratados, e aeroportos de todo o mundo estão em alerta.
Paraná é mais preparado
No Brasil, o Paraná é o Estado com mais hospitais preparados para receber doentes de ebola: sete --dois em Curitiba, um em Londrina, um em Maringá, um em Cascavel, um em Foz do Iguaçu e um em Paranaguá.
A presença do porto de Paranaguá e as fronteiras com países vizinhos fizeram com que o estado se organizasse para oferecer atendimento em diferentes partes de seu território já em outras ocasiões, como no surto de gripe suína (H1N1). Segundo Sezifredo Paz, superintendente de vigilância em saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, os hospitais ainda estão comprando EPIs em conjunto com o Ministério da Saúde.
“Já contamos com parte do material, recebido durante a Copa do Mundo, e também por causa da nossa rotina de trabalho. Mas como o ebola é uma doença que exige uma biossegurança maior, estamos comprando mais por licitação. Se preciso vamos dispensar a licitação para acelerar o processo”, afirmou.
De acordo com o superintendente, o Paraná recebeu máscaras, luvas, aventais e óculos de proteção do governo antes da Copa, mas o Estado ainda não está preparado para atender a um eventual surto de ebola, que levaria muitos pacientes de uma só vez aos hospitais credenciados.
“Não temos um prazo para receber os equipamentos, pois dependemos dos fornecedores. Já começamos a capacitação com videoconferência para 600 profissionais de todas as áreas da secretaria de saúde em 14 de agosto, mas ainda estamos nos estruturando”, disse Paz.
Piauí espera licitação
O Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella (IDTNP), em Teresina (PI), é o único hospital de referência para esse tipo de atendimento no Piauí, onde há sete leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A UTI é indicada para possíveis casos de infecção do vírus ebola por ter salas isoladas.
Segundo Maria Amélia de Oliveira Costa, coordenadora do núcleo de vigilância hospitalar do Estado do Piauí, a diretoria do hospital aguarda resultado de licitação do Ministério da Saúde para a compra de EPIs e a capacitação de 40 profissionais do instituto marcada para 15 de setembro.
“Temos UTI, mas ainda não temos esse material e pedimos com urgência. Vamos fazer a capacitação em Teresina e depois chamar profissionais de hospitais de mais três municípios que tenham UTI para que possam receber algum paciente”, disse Costa.
SP compra 1.500 kits
No Emílio Ribas, o hospital de referência do Estado de São Paulo, há pelo menos 17 leitos de UTI preparados para receber pacientes com ebola. Entretanto, todos os 100 leitos do hospital especializado no tratamento de doenças infectocontagiosas podem receber quem tiver a doença, de acordo com o infectologista Ralcyon Teixeira, supervisor do Pronto Socorro do Emílio Ribas.
O hospital, localizado na capital paulista, comprou 1.500 kits compostos por macacão impermeável, avental, par de luvas e botas, máscara que cobre os olhos e a boca, óculos de proteção e protetor facial semelhante a uma viseira, que cobre todo o rosto, a R$ 50 cada. Segundo Teixeira, cem já foram entregues ao hospital, todos pagos pelo governo do Estado de São Paulo.
“Os 1.500 kits seriam para um mês de tratamento”, disse Teixeira.
Acostumados a receber treinamento a cada suspeita de epidemia mundial, como foi o caso na gripe aviária em 2007, gripe suína em 2009, e na epidemia do vírus marburgo (tipo de febre hemorrágica semelhante ao ebola em 2012 em Uganda), os profissionais do Emílio Ribas começarão a fazer simulações de atendimento de ebola ainda essa semana.
“Vamos treinar com mais equipes, ambulância e até casos de demanda espontânea, quando um paciente chega ao hospital dizendo que podem estar com a doença”, disse Teixeira.
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