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Covid-19: Para médicos, negacionismo levou Brasil à situação dramática

Do UOL, em São Paulo

07/08/2020 11h27Atualizada em 07/08/2020 18h12

O Brasil está próximo de atingir 100 mil mortes pelo coronavírus, e médicos ouvidos hoje pelo UOL afirmam que os altos números são resultados de negligência e do negacionismo por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Chegamos nesse número por um misto de incompetência e negacionismo. Você não consegue combater um problema que você finge que não existe com soluções mágicas e negando tudo o que a ciência tem a oferecer em termos de controle de pandemia", afirmou a doutora em microbiologia pela USP (Universidade de São Paulo) Natália Pasternak em participação no UOL Debate, mediado pelos colunistas do UOL Leonardo Sakamoto e Diogo Schelp.

Para a especialista, ao menos metade das mortes por covid-19 no país poderiam ter sido evitadas com medidas efetivas de combate à pandemia. "O Brasil foi na contramão do mundo na implementação das medidas preventivas que poderiam ter evitado, pelo menos, metade dessas mortes", disse.

Também presente no debate, o médico e professor catedrático da Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA) Miguel Nicolelis disse que prevalece no Brasil um modelo de combate à pandemia em que a busca do lucro está acima da vida humana e da interação do ser humano.

"Chegamos aqui pelo total desprezo da biologia e negacionimso científico. É um misto de efeito microscópios e efeitos locais. Infelizmente, não usamos nossos recursos humanos adequadamente", declarou.

Para o sanitarista José Gomes Temporão, que foi ministro da Saúde no governo Lula, além do negacionismo, outras falhas da administração federal levaram o país à situação atual. Entre elas estão a falta de uma ação em conjunto com estados e municípios e a ausência de uma comunicação efetiva com a população.

"Há uma contra-política de desinformação que cotidianamente cria confusão, equívoco e desmobiliza ações para salvar vidas", declarou Temporão.