Irã comemora os 33 anos da Revolução atacando Israel e promovendo programa nuclear
O Irã reafirmou neste sábado sua determinação em relação a seu programa nuclear e a questão palestina, dois fatores de seu isolamento internacional, por ocasião do aniversário de 33 anos da Revolução Islâmica, que mobilizou milhões de iranianos em todo o país.
"Teerã jamais capitulará diante a linguagem da força sobre a questão nuclear", afirmou o presidente Mahmud Ahmadinejad em seu discurso dirigido à multidão de manifestantes pró-regime reunidos na Praça Azadi (Liberdade), no coração da capital iraniana.
O Irã vive sob severas sanções internacionais e ocidentais contra seu controvertido programa nuclear, depois do fracasso de várias tentativas de negociação com as grandes potências.
"O único caminho para vocês é reconhecer os direitos da nação iraniana e voltar à mesa de negociações, qualquer outro caminho está condenado ao fracasso", reiterou.
O presidente iraniano também declarou que seu país vai inaugurar nos próximos dias vários projetos nucleares importantes, mas não deu detalhes a respeito.
Segundo informações recentes de fontes iranianas, um desses projetos diria respeito à produção de barras de combustível para o reator de pesquisa nuclear de Teerã, para justificar sua produção de urânio enriquecido a 20%, centro das preocupações internacionais sobre seu programa nuclear.
Simbolicamente, as autoridades expuseram neste sábado, na Praça Azadi, uma maquete de um drone espião americano capturado por Teerã em dezembro passado quando sobrevoava o espaço aéreo iraniano para uma missão da CIA provavelmente dedicada à observação de sítios nucleares iranianos.
Ahmadinejad, no entanto, defendeu uma retomada das discussões com as grandes potências reunidas dentro do grupo 5+1, (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha).
"Os ocidentais devem reconhecer os direitos da nação iraniana em termos nucleares e voltar à mesa de negociações", declarou.
O ministro das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, indicou, por sua vez, que Teerã preparou uma resposta à carta dos grupo 5+1 propondo, em outubro, a retomada das discussões nucleares.
Ele não precisou o conteúdo desta resposta, nem quando a carta será enviada, mas afirmou que as negociações serão retomadas num futuro próximo.
O presidente iraniano também voltou a atacar Israel em seu discurso comemorativo.
O Irã esmagou o ídolo do Holocausto criado pelo Ocidente e colonialistas para justificar a criação do Estado hebreu, segundo ele.
"O Ocidente e os colonialistas, para dominar o mundo, criaram um ídolo ao qual chamaram de regime sionista. O espírito deste ídolo é o Holocausto (...) e a nação iraniana, com coragem e clarividência, esmagou o ídolo, preparando a libertação dos povos ocidentais", declarou Ahmadinejad, que em inúmeras ocasiões negou o genocídio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
O Irã não reconhece Israel e geralmente pede a eliminação do Estado hebreu, classificado de "tumor canceroso" do Oriente Médio.
Em um gesto excepcional, as autoridades iranianas convidaram o primeiro-ministro do movimento islamita palestino Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, atualmente em visita em Teerã, a pronunciar um discurso diante da multidão,
Segundo ele, o Hamas jamais reconhecerá Israel.
"A luta dos palestinos se prolongará até a libertação de toda a terra da Palestina e de Jerusalém e a volta dos refugiados palestinos para casa", acrescentou Haniyeh em seu discurso, que também foi transmitido pela televisão iraniana.