Parlamento grego aprova plano de austeridade e resgate financeiro


Atenas (Grécia)

O Parlamento grego aprovou neste domingo o plano econômico de austeridade solicitado pelos credores do país com o qual se ativará o resgate financeiro e sua manutenção na Zona Euro, segundo contagem de votos realizada pela AFP.


Pouco antes da votação crucial para o país e a Zona Euro, o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, disse que os deputados gregos "assumirão sua responsabilidade" e "definirão a escolha mais importante" para a Grécia, que é "avançar com a Europa e a moeda única".

"A violência e a destruição não têm lugar em uma democracia", completou o premiê.

Cerca de 100.000 pessoas, segundo a polícia, protestaram neste domingo em Atenas (80.000) e Tessalônica (20.000) contra o novo plano de ajuste ditado por UE e FMI.

O plano aprovado pelos deputados prevê um pacote de medidas de austeridade em troca de um novo resgate financeiro do país por parte de seus credores institucionais e uma operação de eliminação da dívida por parte dos credores privados.

Na capital seis pessoas ficaram feridas e foram hospitalizadas durante confrontos entre forças de segurança e grupos de jovens nas ruas adjacentes à praça Sintagma, em frente ao Parlamento, segundo fontes do Ministério da Saúde. Os incidentes ocorreram quando um grupo de manifestantes pressionou para romper um cordão policial colocado em torno da Assembleia Nacional, e a polícia respondeu imediatamente lançando bombas de gás.

Os manifestantes se dirigiram então para as ruas adjacentes, rapidamente convertidas em campos de batalha, e lançaram pedras e bombas de coquetéis molotov contra as forças de segurança.

Os confrontos se prolongaram durante mais de duas horas no centro da capital.

Um imóvel de um andar, sede de uma loja de cristais de luxo, foi incendiado no centro de Atenas. Outros 10 edifícios vazios estavam em chamas por conta do lançamento de coquetéis molotov, segundo os bombeiros.

Os manifestantes se dirigiram à Praça Sintagma pela tarde, convocados pelas duas grandes centrais sindicais do país, a GSEE para o setor privado, e Adedy, do público, assim como pela esquerda radical, para protestar contra o plano de ajuste.

"Não é fácil viver nestas condições. De agora até 2020 seremos escravos dos alemães", disse à AFP Andréas Maragoudakis, engenheiro de 49 anos.

Mais cedo, o ministro de Finanças grego, Evangelos Venizelos, disse que a Grécia espera lançar "antes de 17 de fevereiro" a oferta pública a seus credores privados para a reestruturação de sua dívida, caso contrário ficaria exposta à quebra.

"Antes do domingo à noite, o parlamento deve ter adotado o novo programa de austeridade" ditado pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para que o país possa receber o visto positivo do Eurogrupo na quarta-feira para o desbloqueio do segundo plano de resgate, afirmou o ministro no início do debate parlamentar sobre este plano de medidas.

"Caso isso não aconteça antes de 17 de fevereiro, não poderemos lançar oficialmente a operação de troca de títulos" para que haja o perdão de 100 bilhões da dívida grega. "E não poderemos solucionar o problema do reembolso das obrigações que serão finalizadas entre 14 e 20 de março", em um montante total de 14,5 bilhões de euros, completou.

O descumprimento dos prazos e a consequente quebra do país geraria uma Grécia sem sistema bancário, afirmou Venizelos com a voz tensa antes de ser interrompido pelas vaias da oposição comunista, a qual o ministro acusou de levar o país à "catástrofe".

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