Sanções americanas começam a ser notadas na Rússia


MOSCOU, 21 Mar 2014 (AFP) - As novas sanções anunciadas por Washington contra Moscou começaram a ser notadas nesta sexta-feira, quando os clientes das empresas Visa e Mastercard foram privados do uso dos seus cartões, apesar do caráter limitado das punições.

Os Estados Unidos anunciaram na segunda uma primeira leva de sanções contra onze altos funcionários russos, em represália pela anexação da Crimeia à Rússia.

Esse primeiro anúncio não teve um impacto especial na economia do país. Entretanto, o segundo grupo de punições, detalhado na quinta pelo presidente Barack Obama, está tendo efeitos mais perceptíveis.

Na manhã desta sexta, os clientes de vários bancos russos tiveram a desagradável surpresa de descobrir que não podiam usar seus cartões Visa ou Mastercard para fazer compras ou sacar dinheiro, já que as empresas americanas tinham suspendido seus serviços.

A primeira entidade afetada foi o banco Rossiya, sancionado na quinta junto com outros 20 altos funcionários russos.

O Rossiya é controlado por Yuri Kovalchuck, considerado por Washington como "o banqueiro pessoal da elite russa". Ele também sofreu sanções. O banco tem entre seus clientes 470.000 pessoas e 24.000 empresas.

O presidente russo Vladimir Putin anunciou rapidamente que as autoridades vão prestar assistência aos clientes, e prometeu que ele mesmo vai abrir uma conta no banco.

Também foram atingidos os bancos SMP e Investkapitalbank, de propriedade dos irmãos Arkadi e Boris Rotenberg, amigos do presidente e igualmente afetados por sanções particulares.

- Gente importante - Para Mikhail Kuzmin, analista da consultoria Investcafe, apesar do número de pessoas prejudicadas ser pequeno, comparado ao número total de clientes na Rússia, é inegável que desde quinta "a situação piorou".

As sanções "não afetam o setor empresarial russo em sua totalidade", segundo Evgueni Nadorshin, economista da AFK Sistema, mas, "evidentemente, são pessoas importantes e isso pode afetar suas atividades no exterior".

Obama alertou na quinta que se a tensão na Ucrânia piorar, o governo americano pode mirar setores-chave da economia russa.

Segundo Nadorshin, a Rússia tem o que temer com uma possível nova leva de punições.

"Se as sanções limitarem o pagamento de parceiros estrangeiros, vai ser muito grave. A maioria das empresas russas que fazem negócios com sócios estrangeiros efetua seus pagamentos em dólares e tem contas nos Estados Unidos", explicou.

Depois das declarações de Obama, as agências de classificação de risco Standard and Poor's e Fitch anunciaram a queda da perspectiva da avaliação da economia russa de "estável" para "negativa".

Isso significa que ambas as agências podem rebaixar a médio prazo a classificação da dívida do país, o que levaria investidores a retirar seus títulos. Seria uma notícia ruim para uma economia que tem crescido pouco.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pôs em questão a "objetividade" dessas agências.

Já o ministro de Finanças, Anton Siluanov, reconheceu um possível impacto negativo na economia.

"É possível que tenhamos que desistir de pedir dinheiro emprestado no exterior, e reduzir em parte nossos créditos internos", afirmou o ministro, citado pela agência Ria-Novosti.

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