Antes de vista a México e Cuba, Bento 16 fala em falsas promessas do narcotráfico e critica marxismo

Em Leon (México)

A caminho do México, o papa Bento 16 denunciou nesta sexta-feira (23) "as falsas promessas e mentiras do narcotráfico", a bordo do avião que o conduz a este país empobrecido pelas guerras contra a droga.

Também exortou o regime comunista de Cuba a deixar de lado o marxismo, que "já não responde à realidade" e buscar "novos modelos", durante uma entrevista à imprensa, no avião.

"Os problemas do narcotráfico e da violência pesam sobre a Igreja de um país com 80% dos católicos", disse o papa, em alusão à atual situação no México, onde a repressão militar e o confronto entre os cartéis fizeram mais de 50.000 mortos em 5 anos.

O pontífice também fez um apelo a que se "desemascare as falsas promessas e as mentiras" dos traficantes de drogas, alguns dos quais se dizem católicos.

Organizações de vítimas da violência, que se opõem à estratégia de combate às drogas do presidente Felipe Calderón, que mobilizou ao exército contra os traficantes, pediram ao Papa um "gesto evangélico" para deter a matança.


Nesta sexta-feira, pouco antes da chegada do Santo Padre, sete pessoas foram fuziladas por um comando armado no estado de Sinaloa (noroeste); no balneário de Acapulco (oeste) foram encontradas quatro cabeças.

O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, disse nesta sexta-feira que o governo ouvirá "com respeito" Bento 16 em sua visita à ilha, depois de o Papa ter afirmado, no avião em direção ao México, que a ideologia marxista, "tal como foi concebida, já não corresponde à realidade"; pelo que "convém achar novos modelos".

"Ouviremos com respeito Sua Santidade", declarou Rodríguez ao inaugurar o centro internacional de imprensa para a visita do pontífice a Cuba, de segunda a quarta-feira da próxima semana.

"Respeitamos todas as opiniões (...), nosso povo tem convicções profundas?, acrescentou Rodríguez, ao responder a uma pergunta sobre os comentários do pontífice.

Bento 16 também destacou a vontade de os católicos "contribuírem para um diálogo construtivo para evitar divisões", no momento em que a Igreja cubana tornou-se interlocutora política do governo comunista.

O papa alemão, que faz 85 anos em abril, partiu na manhã desta sexta-feira de Roma para sua segunda visita à América Latina. A primeira foi feita ao Brasil, em 2007.

Uma multidão espera no aeroporto de Guanajuato (centro) para recebê-lo, numa cerimônia da qual participará o presidente Felipe Calderón e 3.500 convidados.

Outros milhares preparam-se para vê-lo passar no papamóvel, ao longo de um percurso de 30 quilômetros até León, a principal cidade do estado de Guanajuato, onde ficará hospedado.

Nesta cidade, a 400 km a noroeste da capital mexicana, gigantescos anúncios de boas-vindas ao Papa enchem as principais avenidas.


"Não é a mesma coisa que ocorria com João Paulo Segundo. Não transmite a mesma alegria e a mesma emoção. Este é mais tímido e o outro se dava mais com o povo, mas de qualquer forma, estamos contentes", disse à AFP Luz María Pérez, 42 anos, em frente à catedral de León.

A escultora Rosario Rozas, autora de uma estátua de cobre do papa polonês de tamanho real, colocada no átrio da catedral, definiu: "Bento 16 é a cabeça e João Paulo 2 era o coração".

Na América Latina vivem 28% dos católicos do mundo. O México é o segundo país com maior número de fiéis, depois do Brasil, que conta com 84% de católicos entre seus 112 milhões de habitantes, e é governado pelo Partido Ação Nacional, também de origem católica, que enfrenta uma difícil eleição presidencial no dia primeiro de julho. Em Cuba, menos de 10% da população é católica.

Com um programa suavizado, devido à idade avançada, o papa visitará no México as cidades de Silao, Guanajuato e León, encontrando-se, em separado, com o presidente Calderón e com todos os presidentes das conferências episcopais do continente.

Na segunda-feira viajará a Santiago de Cuba e, na terça, a Havana, onde vai se reunir com o presidente Raúl Castro não sendo descartada a possibilidade de um encontro com o líder Fidel Castro.

Esta é a sexta visita de um pontífice ao México, para onde João Paulo 2 viajou cinco vezes, em meio a mobilizações em massa de fiéis.

Uma série de presentes especialmente preparados por empresários e artesãos esperam o papa no México, que vão desde vários pares de sapatos vermelhos até imagens religiosas.

Mas também o aguardam grupos de vítimas de sacerdotes pedófilos, em particular da organização católica Legionários de Cristo.

 

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