Colômbia ainda está longe de acordo de paz com as Farc
BOGOTÁ, 3 Abr 2012 (AFP) -A libertação dos últimos dez oficiais sequestrados pelas Farc na Colômbia encerra um capítulo do sequestro com "valor político", mas está longe de abrir uma perspectiva de negociação com o governo, que pediu que todos os reféns civis sejam libertados, consideraram analistas.
A libertação na segunda-feira de seis policiais e quatro militares, sequestrados havia mais de 12 anos, junto com a promessa de fim do sequestro extorsivo de civis, foram apresentadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como "gestos de paz".
O presidente Juan Manuel Santos, que reiterou a exigência de libertar todos os sequestrados antes de pensar em um diálogo de paz, respondeu que a liberdade desses oficiais "passo valorizado em toda a sua dimensão", mas insistiu que ainda é insuficiente e pediu "demonstrações mais fidedignas de sua verdadeira vontade de acabar com esse conflito".
Para Medófilo Medina, historiador da Universidade Nacional da Colômbia e que conheceu vários dos mais importantes chefes das Farc, entre eles Alfonso Cano, a possibilidade de que ocorra um diálogo de paz com a guerrilha não foi levantada "até o momento".
"As libertações estão no campo humanitário. Não têm uma influência direta sobre uma possível negociação. Não podemos esquecer que em 2001 as Farc libertaram mais de 200 membros da força pública e no ano seguinte o projeto do Caguán acabou", disse Medina à AFP, em referência ao fracassado diálogo de paz promovido pelo ex-presidente Andrés Pastrana (1998-2002).
No entanto, segundo este historiador, a decisão das Farc, que ficou sem reféns de valor político, somada à promessa de acabar com o sequestro extorsivo de civis, mostra "uma vontade de buscar uma saída política para o conflito, que dependerá também de como o governo vai entender esse passo".
Em suas primeiras declarações depois da libertação, Santos deu às Farc um sinal sobre o que espera agora. "Não basta deixar de sequestrar: é necessário libertar os civis e dar informações às famílias sobre todos eles".
"Acho que Santos tem interesse, acredito quando diz que gostaria de ser o presidente da paz, mas essa decisão requer audácia e coragem. Há setores muito poderosos na Colômbia que apostam na guerra", completou Medina.
Desde 2008, as Farc libertaram unilateralmente 30 políticos, policiais e militares sequestrados como "negociáveis" em troca da centena de guerrilheiros presos. Outros reféns foram resgatados em operações da força pública, e alguns morreram em cativeiro.
A guerrilha sequestrou ao longo dos anos um número indeterminado de civis para se financiar com os resgates pagos pelas famílias.
León Valencia, diretor da Corporação Novo Arco-Íris, especializada no conflito armado, ressaltou que "pela primeira vez as Farc fazem uma concessão apenas com o propósito de ir a uma mesa de negociação. Porque o governo pediu o fim dos sequestros e a libertação dos reféns antes de iniciar um diálogo", lembrou.
O cientista político Alejo Vargas, professor da Universidade dos Andes, não descarta outras concessões das Farc com o objetivo de chegar a um diálogo de paz.
"Já ter na mesa representantes do Estado seria uma conquista para eles, pois os convalida como o outro ator político. Do ponto de vista prático, as Farc não vão exigir quase nada, mas do ponto de vista simbólico, pedirão tudo. As Farc precisam do status político", disse Vargas à AFP.
E apesar de "no momento" essa mesa de negociação parecer longínqua, Medina insiste que se deve entender que "esta não é uma guerra regular e, portanto, não se pode terminar em uma data e lugar determinados".
"É necessário terminar em uma mesa de negociação, caso contrário se prolongará indefinidamente, com a decomposição do conflito como já estamos vendo", disse.
As Farc, fundadas em 1964 e com cerca de 9.200 combatentes atualmente, são uma das guerrilhas mais antigas do mundo.
A libertação na segunda-feira de seis policiais e quatro militares, sequestrados havia mais de 12 anos, junto com a promessa de fim do sequestro extorsivo de civis, foram apresentadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como "gestos de paz".
O presidente Juan Manuel Santos, que reiterou a exigência de libertar todos os sequestrados antes de pensar em um diálogo de paz, respondeu que a liberdade desses oficiais "passo valorizado em toda a sua dimensão", mas insistiu que ainda é insuficiente e pediu "demonstrações mais fidedignas de sua verdadeira vontade de acabar com esse conflito".
Para Medófilo Medina, historiador da Universidade Nacional da Colômbia e que conheceu vários dos mais importantes chefes das Farc, entre eles Alfonso Cano, a possibilidade de que ocorra um diálogo de paz com a guerrilha não foi levantada "até o momento".
"As libertações estão no campo humanitário. Não têm uma influência direta sobre uma possível negociação. Não podemos esquecer que em 2001 as Farc libertaram mais de 200 membros da força pública e no ano seguinte o projeto do Caguán acabou", disse Medina à AFP, em referência ao fracassado diálogo de paz promovido pelo ex-presidente Andrés Pastrana (1998-2002).
No entanto, segundo este historiador, a decisão das Farc, que ficou sem reféns de valor político, somada à promessa de acabar com o sequestro extorsivo de civis, mostra "uma vontade de buscar uma saída política para o conflito, que dependerá também de como o governo vai entender esse passo".
Em suas primeiras declarações depois da libertação, Santos deu às Farc um sinal sobre o que espera agora. "Não basta deixar de sequestrar: é necessário libertar os civis e dar informações às famílias sobre todos eles".
"Acho que Santos tem interesse, acredito quando diz que gostaria de ser o presidente da paz, mas essa decisão requer audácia e coragem. Há setores muito poderosos na Colômbia que apostam na guerra", completou Medina.
Desde 2008, as Farc libertaram unilateralmente 30 políticos, policiais e militares sequestrados como "negociáveis" em troca da centena de guerrilheiros presos. Outros reféns foram resgatados em operações da força pública, e alguns morreram em cativeiro.
A guerrilha sequestrou ao longo dos anos um número indeterminado de civis para se financiar com os resgates pagos pelas famílias.
León Valencia, diretor da Corporação Novo Arco-Íris, especializada no conflito armado, ressaltou que "pela primeira vez as Farc fazem uma concessão apenas com o propósito de ir a uma mesa de negociação. Porque o governo pediu o fim dos sequestros e a libertação dos reféns antes de iniciar um diálogo", lembrou.
O cientista político Alejo Vargas, professor da Universidade dos Andes, não descarta outras concessões das Farc com o objetivo de chegar a um diálogo de paz.
"Já ter na mesa representantes do Estado seria uma conquista para eles, pois os convalida como o outro ator político. Do ponto de vista prático, as Farc não vão exigir quase nada, mas do ponto de vista simbólico, pedirão tudo. As Farc precisam do status político", disse Vargas à AFP.
E apesar de "no momento" essa mesa de negociação parecer longínqua, Medina insiste que se deve entender que "esta não é uma guerra regular e, portanto, não se pode terminar em uma data e lugar determinados".
"É necessário terminar em uma mesa de negociação, caso contrário se prolongará indefinidamente, com a decomposição do conflito como já estamos vendo", disse.
As Farc, fundadas em 1964 e com cerca de 9.200 combatentes atualmente, são uma das guerrilhas mais antigas do mundo.