Combates no leste da Ucrânia; Kiev denuncia 'agressão' russa

KIEV, 13 Abr 2014 (AFP) - O governo pró-europeu de Kiev denunciou neste sábado uma "agressão" da Rússia, após ataques de grupos armados pró-russos em cidades do leste da Ucrânia, onde a tensão aumenta.

Olexandre Turchinov, presidente interino da Ucrânia, convocou uma reunião do Conselho de Segurança do país enquanto combates aconteciam em várias cidades segundo o ministro interino do Interior, Arsen Avakov.

A reunião terminou pouco após a meia-noite local, sem nenhum anúncio oficial. "Os participantes estudaram o assunto e as medidas relacionadas à normalização da situação no leste da Ucrânia", diz um comunicado.

Militantes nacionalistas se reuniram perto do local da reunião exigindo uma resposta firme das autoridades interinas. Dmitro Iaroch, líder do partido nacionalista Pravy Sektor (direita), chamado de "fascista" pelos pró-russos, convocou seus partidários a "se prepararem para a ação".

O aumento da tensão acontece pouco depois de ser anunciada para a próxima quinta-feira em Genebra uma reunião entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia.

Já o vice-presidente americano, Joe Biden, viajará à Ucrânia no próximo dia 22, para reafirmar o apoio de Washington a Kiev e tomar medidas para aumentar sua segurança energética em meio à crise com a Rússia, anunciou neste sábado a Casa Branca.

Houve confrontos em localidades da província de Donetsk, como em Kramatorks, onde "desconhecidos abriram fogo contra o governo local", indicou o ministro do Interior.

Em Krasny Liman, também na província de Donetsk, "combatentes armados atacaram a polícia com armas de fabricação russa K100, de uso exclusivo das Forças Armadas russas", afirmou o ministro.

"As autoridades ucranianas consideram os acontecimentos uma agressão externa da Federação Russa", acrescentou, sem citar vítimas.

Uma onda de invasões de prédios das forças de segurança aconteceu hoje na parte do país de língua russa, a poucos quilômetros da fronteira.

Ativistas se apoderaram da localidade de Slaviansk, e também da sede policial de Donetsk, uma cidade importante.

Após a ocupação de uma delegacia e, depois, da sede dos serviços de segurança em Slaviansk, homens armados com pedaços de pau conseguiram invadir outra sede das forças de ordem em Donetsk, grande cidade do leste da Ucrânia.

Nesta região, grupos insurgentes pró-russos, alguns armados, já haviam dominado, há quase uma semana, a sede do governo local de Donetsk e dos Serviços de Segurança (SBU) de Lugansk, duas cidades localizadas a poucos quilômetros da fronteira russa.

Os manifestantes exigem a anexação da região à Federação Russa, ou, ao menos, um referendo para conseguir maior autonomia regional.

O presidente russo, Vladimir Putin, que prometeu proteger "a qualquer preço" a população russa dos países da antiga União Soviética, mobilizou na fronteira com a Ucrânia cerca de 40.000 soldados, segundo a Otan, que teme uma invasão.

Diferença entre manifestantes e terroristas

"Homens armados, com roupa de camuflagem, tomaram a delegacia de Slaviansk", publicou Avakov no Facebook. "É a diferença entre manifestantes e terroristas", acrescentou, antes de anunciar o envio de forças especiais.

Neste contexto, o chanceler russo, Serguei Lavrov, considerou inadmissíveis as ameaças de Kiev de lançar um ataque contra os prédios ocupados pelos manifestantes em Donetsk e Lugansk.

Na tarde deste sábado, ativistas pró-russos tomaram o controle da sede dos serviços de segurança em Slaviansk, anunciou a polícia.

Segundo a polícia e a prefeita de Slaviansk, os invasores são oriundos de Donetsk, grande cidade situada a 60km de Slaviansk, que foi tomada por agentes policiais.

Em Donetsk, foram 200 manifestantes pró-russos armados com pedaços de pau que conseguiram entrar, sem encontrar resistência, na sede da polícia.

Além disso, dezenas de membros do batalhão de choque enviados para reforçar a vigilância do prédio agitavam fitas laranjas e pretas, símbolo dos partidários da Rússia.

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, viajou nesta sexta-feira ao leste do país para tentar buscar uma saída para a insurreição.

Embora não tenha mantido contato direto com os rebeldes, Yatseniuk prometeu "equilibrar o poder entre o centro e as regiões" e se comprometeu a não mudar as leis que garantem o status dos idiomas diferentes do ucraniano.

Mas os separatistas, com o apoio de Moscou, querem tornar a Ucrânia uma federação, o que o governo pró-europeu de Kiev rejeita e considera um passo para a dissolução do país.

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