Putin sozinho contra ocidentais nas discussões sobre a Síria

Em Atenas

  • Yorgos Karahalis/Reuters

    Apoiadores do partido de extrema-direita Aurora Dourada comemoram vitória do conservador Nova Democracia

    Apoiadores do partido de extrema-direita Aurora Dourada comemoram vitória do conservador Nova Democracia

ENNISKILLEN, Reino Unido, 17 Jun 2013 (AFP) - Russos e ocidentais manifestaram suas profundas divergências sobre a Síria na cúpula do G8, que teve início nesta segunda-feira na Irlanda do Norte, superando o impacto da abertura das negociações sobre um acordo de livre comércio entre Estados Unidos e os europeus.

A tragédia síria dominou a primeira reunião bilateral entre os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e Rússia, Vladimir Putin, à margem das sessões de trabalho no luxuoso complexo de Lough Erne.

Após o encontro, Putin afirmou que as duas potências não abandonaram o projeto de uma conferência de paz.

"Obviamente, temos opiniões divergentes, mas temos a intenção de pôr fim à violência na Síria", destacou o governante russo.

"Concordamos em estimular as diferentes partes a sentar à mesa de negociações", acrescentou.

Em maio, Washington e Moscou tomaram a iniciativa de tentar organizar uma conferência de paz, a chamada Genebra 2, para abrir as negociações entre as partes envolvidas no conflito sírio, mas a sua realização tornou-se improvável, dada a magnitude das divergências e do conflito armado.

Na véspera da abertura do G8, o presidente russo, cujo país é um forte aliado do regime em Damasco, advertiu o Ocidente para qualquer tentativa de armar os rebeldes sírios.

Durante uma reunião bilateral nesta segunda com o presidente francês, François Hollande, pouco antes da abertura do G8, Putin parecia impassível, enquanto seu interlocutor falava da Síria.

Hollande criticou duramente a Rússia, que "continua a fornecer armas ao regime de Bashar al-Assad, enquanto a oposição recebe muito pouco e é hoje massacrada".

Paris e Londres fizeram pressão para a retirada do embargo às armas e agora cobram um aumento da ajuda aos rebeldes sírios.

Já o presidente sírio alertou a Europa em uma entrevista a um jornal alemão.

"Se os europeus fornecerem armas, o quintal da Europa será (terreno fértil) para o terrorismo e a Europa pagará muito caro", declarou Assad em uma entrevista concedida ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), segundo um trecho divulgado nesta segunda-feira.

E o outro grande aliado de Damasco, o Irã, se declarou contra qualquer intervenção estrangeira nos assuntos sírios.

O presidente eleito Hassan Rohani, considerado "moderado", indicou durante a sua primeira coletiva de imprensa, que Assad deve permanecer no poder "até as próximas eleições", em 2014.

Essa solução é rejeitada pela oposição síria, que exige a sua partida desde o início do conflito, que deixou mais de 93.000 mortos, segundo a ONU.



--- Acordo de Livre Comércio ---



Mesmo antes do início oficial da cúpula do G8, Barack Obama e os líderes europeus começaram as negociações para um acordo comercial "histórico" visando à criação da maior zona de livre comércio do mundo. Mas, após este pontapé oficial, um consenso parece ser difícil.

Os europeus não conseguiram chegar a um acordo de última hora sobre o mandato de negociação depois de concordarem em excluir o setor audiovisual, em nome da exceção cultural ferozmente defendida pela França.

A polêmica foi reavivada nesta segunda-feira com as declarações do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que denunciou uma atitude "totalmente reacionária", o que provocou reações indignadas por parte dos franceses.

"Não quero acreditar que o presidente da Comissão Europeia fez tais declarações sobre a França", declarou François Hollande. "O que estou pedindo ao presidente Barroso é que implemente o mandato que foi decidido", insistiu.

Por fim, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, deverá responder às embaraçosas perguntas da imprensa após as revelações do ex-agente da CIA, Edward Snowden, segundo as quais duas reuniões do G20 na Grã-Bretanha foram a oportunidade para que os americanos espionassem o presidente russo, Dmitry Medvedev, e para que os britânicos monitorassem turcos e sul-africanos.

Ancara reagiu fortemente, convocando o encarregado dos negócios da embaixada da Grã-Bretanha, enquanto o sherpa russo Alexey Kvasov expressou a "preocupação" de Moscou.

bur-cf/jri:bds/mr/dm



Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos