Confrontros entre partidários de Mursi e exército deixam 3 mortos no Cairo

CAIRO, 05 Jul 2013 (AFP) - Três manifestantes morreram e vários ficaram feridos nesta sexta-feira em um tiroteio entre o exército e partidários do derrubado presidente Mohamed Mursi no Cairo, durante um dia de intensa mobilização para apoiar o ex-chefe de Estado.

Os disparos ocorreram perto de um prédio da Guarda Republicana, uma unidade militar encarregada de proteger a presidência egípcia.

Dois corpos sem vida estavam cobertos com um lençol branco e havia um terceiro cadáver abandonado, com uma bala na cabeça.

Os manifestantes se reuniram em uma mesquita de Nasr City, onde milhares de partidários de Mursi acampam há vários dias.

"Mursi é nosso presidente. Traidores!", gritavam ante a Guarda Republicana, antes de tentar pular o alambrado que cerca o prédio exibindo uma foto do ex-presidente, apesar das advertências dos soldados.

O tiroteio começou pouco depois.

Os partidários de Mursi também denunciaram a onda de prisões dos líderes de seu movimento, a Irmandade Muçulmana.

Já as forças contrárias a Mohamed Mursi lançaram um chamado urgente para um protesto em massa no Egito com o objetivo de contra-atacar as manifestações favoráveis ao presidente deposto pelo golpe de Estado militar.

"A Frente de Salvação Nacional (FSN) lança uma convocação urgente para que todos se mobilizem em todas as praças do Egito em apoio à revolução de 30 de junho", em referência à data do início das manifestações em massa que resultaram na queda de Mursi.

Horas antes, islamitas armados atacaram uma posição militar na península do Sinai, deixando um soldado morto. Depois disso, o Egito fechou a passagem de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza.

Em meio à confusão política que reina no país, o presidente interino, Adly Mansour, dissolveu nesta sexta-feira o parlamento, dominado por islamitas, informou a agência estatal Mena.

Em seu primeiro decreto desde que prestou juramento, na quinta-feira, o presidente interino de 67 anos também nomeou Mohammed Ahmed Farid como o novo chefe da inteligência do Egito.

E o procurador-geral do país, Abdel Meguid Mahmud, anunciou que irá renunciar, alguns dias depois de retornar ao cargo, alegando possíveis conflitos de interesses em futuras instruções de casos judiciais.

Abdel Meguid Mahmud, que foi nomeado para o cargo durante a presidência de Hosni Mubarak, foi destituído em novembro de 2012 pelo presidente Mohamed Mursi, derrubado esta semana.

Mahmud retornou ao cargo após uma decisão judicial.

No comunicado publicado pela agência Mena, Mahmud explica que vai pedir ao Supremo Tribunal que autorize seu regresso às fileiras da justiça porque, segundo ele, se "sente incomodado diante das medidas que me pedirão que tome no futuro sobre aqueles que me destituíram de meu posto".

Na madrugada desta sexta-feira, o Exército egípcio fez um apelo à unidade e à "reconciliação".

As Forças Armadas pediram, sobretudo, que se rejeite "a vingança" para que seja possível "concretizar a reconciliação nacional", em um texto publicado na página oficial de seu porta-voz no Facebook.

Ainda segundo a nota, "as medidas excepcionais e arbitrárias contra qualquer movimento político" devem ser evitadas.

O golpe militar no país árabe mais populoso do mundo provoca inquietação no exterior. Os Estados Unidos analisam as implicações legais na importante ajuda militar que concedem ao Egito, enquanto a União Europeia pediu a realização imediata de novas eleições presidenciais.

Os Estados Unidos pediram às autoridades que não realizem prisões arbitrárias contra os partidários de Mursi, que continua sob custódia do exército, e a União Africana (UA) suspendeu nesta sexta a participação do Egito depois da "mudança inconstitucional de poder".

Desde 26 de junho, cerca de 60 pessoas morreram, sendo dez na noite de quarta-feira em confrontos com as forças de segurança e nos choques entre partidários e opositores a Mursi.

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